Parking News

Entre as centenas de registros que fez do Rio de Janeiro, o cineasta francês Jean Manzon captou imagens singulares de como as pessoas se locomoviam na então capital federal, em meados dos anos 1950. Reunidas em um documentário, as cenas mostram uma urbe caótica tomada por engarrafamentos gigantescos e motoristas desviando-se freneticamente de bondes, ônibus e lotações. Passadas quase seis décadas, a situação só piorou, destaca reportagem da Veja Rio.
Em eixos nevrálgicos de bairros importantes, como a Rua do Jardim Botânico, a Rua Mena Barreto, em Botafogo, e a Avenida Nossa Senhora de Copacabana, não existe mais horário de pico e os congestionamentos duram praticamente o dia todo. Os automóveis circulam a uma velocidade média de 22 km por hora, enquanto os ônibus levam 60 minutos para percorrer entre 12 e 16 km, dependendo do trajeto. As causas desse cenário apocalíptico são conhecidas. Vão do aumento da frota de automóveis (atualmente entram em circulação 275 carros novos por dia, contra 160 há três anos) à falta de investimentos na rede viária, passando por um sistema de transporte público confuso e ineficiente.
Em meio a essa balbúrdia, entretanto, há esperanças. Nos próximos meses, um pacote de projetos, que inclui a ampliação do metrô e 14 outras intervenções dos mais variados tamanhos, começa a sair do papel como forma de preparar a cidade para receber a Olimpíada de 2016. Trata-se da maior fornada já planejada de vias expressas, pontes, túneis e viadutos, aliados a melhorias do sistema de transporte de massa na cidade. Estima-se que tais obras, juntas, operem um milagre: a redução de até 20% no tempo de deslocamento dos cariocas.
No início do mês, a prefeitura decidiu finalmente tirar do papel um projeto delineado há duas décadas. Trata-se da ampliação da Avenida Niemeyer, do Leblon a São Conrado, crucial na ligação entre a Barra da Tijuca e a Zona Sul. A empreitada, avaliada em 140 milhões de reais, deve estar concluída apenas em 2016, mas o edital sai até o fim do ano. Com 3,8 km de extensão e um fluxo diário de 31.000 veículos, a via ganhará mais uma pista em cada sentido.
A cidade quase inteira e boa parte da área metropolitana - caso tudo dê mesmo certo - serão beneficiadas. Mas a região que sairá completamente transformada desse processo é a da Barra da Tijuca, justamente a mais afetada pelos acessos precários e pela ineficiência viária. Três grandes projetos conectarão a área a bairros como a Penha, Santa Cruz e Deodoro, todos com corredores exclusivos para ônibus articulados, o BRT (Bus Rapid Transit). A Estrada dos Bandeirantes, em Jacarepaguá, será reurbanizada e ganhará mais uma pista em cada sentido entre o Riocentro e a Grota Funda, um trecho de 16 km.
A lista de benefícios trazidos por uma Olimpíada às cidades-sede costuma ser extensa - entre eles estão a maior visibilidade internacional e o aumento no fluxo de turistas antes e depois do evento. No entanto, é na área de infraestrutura urbana, e mais especificamente no setor de transportes, que os cidadãos têm mais a ganhar.
Diante do frenesi de ampliações, demolições e construções, a prefeitura decidiu engavetar pelo menos uma iniciativa já anunciada com estardalhaço - a transformação da Avenida Rio Branco em área para pedestres. O risco era o Centro entrar em colapso em meio a tanto quebra-quebra.
Até o fim do ano, a distribuição das 900 linhas de ônibus pela capital será reorganizada. A ideia é diminuir a concentração em algumas regiões, como, por exemplo, a Zona Sul, e aumentar em outras, como a Zona Oeste. O governo do Estado, por sua vez, promete fazer um substancial investimento no sistema ferroviário metropolitano. Outras intervenções, que incluem a construção de mais acessos à Ponte Rio-Niterói e um novo viaduto nos arredores da Avenida Francisco Bicalho, próximo ao acesso do Túnel Rebouças, eliminarão pontos de engarrafamento notórios. Fora dos limites da cidade, o Arco Metropolitano, erguido pelos governos estadual e federal, reduzirá o volume de caminhões nos acessos ao Rio, a exemplo do que acontece em São Paulo com o Rodoanel. O importante agora é ter nervos de aço até tudo isso ficar pronto. E cobrar sua realização.
Fonte: Revista Veja Rio, 11 de agosto de 2010

Categoria: Geral


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