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Avenida Paulista: está fechada ou aberta aos domingos?

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Por Jorge Hori*

Depende do ponto de vista e do usuário: para os motoristas, fechada. Para os moradores que querem sair de carro, fechada. Para os ciclistas, aberta. Para os que querem passear na avenida, aberta.

Para os estacionamentos com entrada ou acesso pela Avenida Paulista, fechada.

Os que acham que ela está fechada não gostam e muitos são contra. Os que acham que ela deve ficar aberta aos pedestres e ciclistas são a favor.

A regulamentação da abertura/fechamento da Avenida Paulista aos domingos, por decreto do prefeito Haddad, mais que um evento urbanístico é uma jogada de marketing político.

Uma das críticas feitas por alguns urbanistas é a escolha da Avenida Paulista, uma via com grande tráfego de veículos, para o programa de ruas abertas em vez de fazê-lo em outra via, mais ao centro. Na verdade já existe: o Minhocão é fechado para os carros aos domingos. Mas tem um movimento bem menor do que o da Avenida Paulista. E muito menos polêmica. Há uma aceitação quase total dos usuários, moradores e população em geral.

Por que não abrir mais vias para o lazer, no centro da cidade, até como mecanismo de revitalização?

Por uma razão simples: não há mídia. Não dá visibilidade para a opinião publicada. E o prefeito, como todo político, está menos preocupado em atender melhor a população, do que ter a repercussão de seus atos na mídia. Na suposição de que essa exposição lhe dará mais votos.

Certamente, com a Avenida Paulista aberta aos domingos para o lazer o prefeito Haddad ganhará alguns votos da opinião publicada, principalmente da classe média. Mas não ganhará muitos votos da classe pobre que reivindica melhorias práticas no bairro onde mora.

O discurso populista não se aplica apenas sobre as classes de renda mais baixa, de pouca escolaridade e que não lê jornais ou revistas. O conhecimento desses sobre a cidade pode se dar pela televisão, onde os noticiários são 90% de violência, acidentes e outras tragédias onde corre sangue. A sua preocupação é com as condições do mundo em que vive, o seu bairro, o trajeto ao local de trabalho, o bairro onde trabalha. Este só serve para uma comparação negativa de onde mora.

O cidadão e eleitor que mora distante da Avenida Paulista espera que o prefeito o visite, conheça pessoalmente as condições de vida do seu entorno (o "habitat", no jargão dos urbanistas) e tome providências para melhorar. Pode até ficar na promessa, mas o eleitor fica mais confiante. E pode até votar nele.

Abrir ou fechar a Avenida Paulista não será importante para a decisão da eleição, embora vá ser uma dos principais itens da pauta da mídia com os candidatos. Por uma razão simples, tantos os jornalistas como os editores são predominantemente da classe média que é afetada emocionalmente pela questão. Aos domingos eles poderão se sentir "donos da Avenida". Agora a mais famosa da cidade, desbancando as tradicionais avenidas São João e Ipiranga, cada vez mais restrita aos sambas paulistas.

O que significa que o novo prefeito, eleito predominantemente pelos votos da opinião não publicada, poderá manter a medida de abertura/fechamento da Avenida Paulista, não sendo um decreto, e até mesmo uma lei que vá garantir a sua permanência, nas próximas gestões.

É um ato de vontade política, com o apoio maciço dos usuários, mas não de todos que votam.

E o resultado poderá ser semelhante ao que acabou de ocorrer no Reino Unido. A opinião publicada estava maciçamente a favor de permanência, principalmente os jovens e os favoráveis à modernidade. Mas a opinião não publicada preferiu a tradição e os sonhos de restabelecer o império britânico: "onde o sol nunca se punha".

Diferentemente do Brasil, em que a opinião não publicada é da população de renda mais baixa, esse segmento, embora educado e com renda, foi desprezado pela grande mídia. E decidiu o plebiscito.

A opinião não publicada é a favor, contra ou muito pelo contrário em relação ao fechamento/abertura da Avenida Paulista?

Essa volubilidade ou volatilidade da política, dependendo da vontade do governante de plantão, gera insegurança aos negócios. E o resultado poderá ser a decadência econômica da Avenida Paulista, repetindo o que já ocorreu com o centro.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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