Com um talão da Emdec em mãos, ele explicou que para duas horas são cobrados R$ 5,00. "Ninguém quer ganhar R$ 0,20 (nos pontos autorizados). Eu pelo menos ganho R$ 1,80 e olho os carros", disse o rapaz. No bilhete, inclusive, é riscado o valor de R$ 3,20 e colocado R$ 5,00. Os vendedores oficiais ganham 10% do valor (R$ 0,30). Na Rua Luzitana, uma banca de jornal não autorizada vende o bilhete por R$ 3,75. "Não está certo, né? Eu prefiro ficar dentro do carro, olhando eu mesmo", disse o corretor de imóveis Lindomar Tomé, de 38 anos. Já Márcia Regina, de 50 anos, também recriminou a prática ilegal. "Já se paga tão caro e ainda cobram esse absurdo." Na Rua Thomaz Alves, um intermediário cobrava R$ 5,00 por uma hora. A reportagem indagou o vendedor, que disse: "Aqui é R$ 5,00, parceiro, vai querer ou não? Se não, tem gente que quer."
Com pressa para pagar uma conta, a estudante Larissa Pecchia, de 22 anos, não teve outra saída e desembolsou o valor. "É um absurdo, mas eles sabem que a rua é difícil de parar e tem gente com pressa que paga mesmo." Uma agente da Emdec que passava pela rua classifica a prática como extorsão, e afirmou que isso ocorre na cidade inteira. "Quem precisa fazer a denúncia é o consumidor. Apenas um ou outro são denunciados." A Emdec informou que iniciou o processo de licitação da Zona Azul e prevê uma reavaliação do sistema, com modernização tecnológica, inibindo as fraudes. Com a terceirização, o sistema vai ser estendido para os distritos de Barão Geraldo, Sousas, Joaquim Egídio e Nova Aparecida. A empresa vencedora terá que instalar parquímetros. O comando da Polícia Militar foi procurado, mas não se manifestou até o fechamento desta edição. A Secretaria de Segurança de Campinas informou que a Guarda Municipal pode ser acionada caso o consumidor se sinta lesado, mas que encaminhará o caso para a Polícia Civil.
Fonte: Correio Popular (Campinas), 2 de dezembro de 2014