O aumento no número de pessoas que usam o transporte por aplicativo e a crise financeira do Brasil são alguns dos motivos que levaram à queda na demanda por estacionamentos na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Consequentemente, o preço médio caiu 9,05% em 12 meses, de acordo com pesquisa realizada pelo site Mercado Mineiro. O valor médio da hora, que custava R$ 11,60 em abril de 2018, agora passou para R$ 10,55.
No IAP Estacionamento, localizado na esquina entre avenida Álvares Cabral e rua da Bahia, o valor da hora diminuiu de R$ 14 para R$ 12 há quase um ano e não sofreu reajuste desde então. De acordo com o gerente Wellington Jorge, há menos pessoas usando carros na região central e uma maior concorrência. “Com os aplicativos de transporte houve uma redução enorme no número de pessoas que vêm ao Centro de carro. Além disso, abriram vários outros estacionamentos na região”, explica.
Já no Estacionamento Tupis, o valor da hora, de R$ 8, permanece inalterado há mais de um ano. Mas houve uma grande redução no preço para o mensalista. “Até o ano passado, cobrávamos cerca de R$ 260, mas hoje estamos negociando até R$ 200”, afirma o gerente Raimundo da Penha Filho.
Segundo ele, a crise econômica, o aumento da concorrência e a ampliação do uso dos aplicativos de transporte contribuíram para a redução da procura por vagas de estacionamento. “Além disso, os centros comerciais dos bairros estão ficando cada vez melhores e as pessoas não precisam mais vir ao Centro para resolver suas demandas”.
Para o economista Feliciano Abreu, coordenador do site Mercado Mineiro, o mercado dos estacionamentos deve se adaptar às mudanças de mobilidade dos últimos anos e atrair os consumidores com promoções e preços mais convidativos. "Até uns quatro anos atrás, havia muitos carros na rua e o estacionamento era um grande negócio. No Barro Preto, por exemplo, chegaram a derrubar lojas para montar estacionamentos. Isso fez aumentar muito a concorrência", afirma. Atualmente, pode-se encontrar uma variação de até 337% entre os preços praticados para a diária na região Centro-Sul da capital mineira.
O transporte por aplicativos, de acordo com Abreu, já se tornou uma realidade para boa parte da população - especialmente entre os mais jovens -, e o consumidor tem colocado na balança os custos. Muitas vezes, é mais barato usar o transporte por aplicativo do que gastar com estacionamento e gasolina. "Se aparece no mercado um produto novo que interfere no meu negócio, eu tenho que me adaptar e reduzir os meus valores. Os estacionamentos não vão acabar, mas terão de cobrar valores mais baixos para se manter", completa.
Fonte: Hoje em Dia, 22/04/2019