Desde o começo de 2018 a tendência dos preços médios dos veículos deixou de ser de aumento. Os valores se mantêm lineares, com comportamento similar ao da inflação no período. A conclusão é de estudo feito pela IHS Markit a partir da tabela de todas as versões de carros à venda no Brasil, do volume de emplacamentos de cada configuração e ainda do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Entre os principais motivos para a estabilização a sutil recuperação do crédito que começa a acelerar o segmento de entrada novamente e as taxas de utilização de fábricas de veículos que deixaram de ser extremamente baixas desde o fim de 2017.
De janeiro de 2013 até o início de 2018 o preço do automóvel no Brasil cresceu em ritmo superior ao da inflação como consequência de medidas governamentais, tendências e adaptações de mercado. O aumento real foi de 20% no preço médio no período.
Entre os acontecimentos que mais contribuíram para o cenário de encarecimento do carro estão a volta gradual da incidência padrão de IPI, ocorrida em 2014 e 2015, e a adoção de novas legislações que tornaram obrigatória a instalação de freios ABS e airbag duplo, além da imposição de metas de eficiência energética para os carros.
Estas medidas adicionaram mais conteúdo aos veículos, mas foram também responsáveis pelo aumento dos custos de produção e forçaram lançamentos para reposição de projetos antigos. Com relação às tendências de mercado, três fatores principais deram impulso ao aumento dos preços. O primeiro é a demanda crescente do consumidor por veículos com mais recursos tecnológicos, o que também provocou alta no custo da produção.
Outro estímulo para a subida provém da mudança de segmentação do mercado, com a diminuição da participação dos veículos de entrada nas vendas, efeito decorrente da crise e da restrição de crédito, e aumento das vendas de SUVs, que se enquadram em uma faixa de preço mais alta. Mais um fator que contribuiu para o contexto de valores mais altos foi a baixa utilização da capacidade instalada nas fábricas de carros no país causada pela queda na demanda justamente depois que as empresas investiram em aumento significativo da capacidade produtiva para atender ao Inovar-Auto, política industrial que terminou em 2017.
Preços tendem a se manter estáveis
No curto e médio prazo, o custo de produção de veículos tende a aumentar em função de investimentos e novas tecnologias impulsionadas pelo Rota 2030, conjunto de regras para o setor automotivo aprovado em 2018. A IHS Markit considera que, apesar disso, não há previsão de tendência positiva no Índice de Preços, que deve se manter bem próximo da inflação. Dois fatores embasam esta análise: a expectativa de que o mercado de veículos de entrada continue se recuperando pós-crise e o maior uso da capacidade instalada nas fábricas que acontece desde 2018 e deve seguir em expansão.
Fonte: Automotive Business, 17/04/2019