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Uma análise da nova pesquisa para prefeito de São Paulo

 

Por Jorge Hori* - A nova rodada de pesquisa de intenção de votos do IBOPE para a Prefeitura de São Paulo mostra a consolidação da liderança de Bruno Covas na preferência do eleitorado paulistano, em todos os segmentos, exceto entre os evangélicos e a população da baixíssima renda (de 0 a 1 SM), entre os quais Celso Russomanno lidera. Este ainda tem uma pequena vantagem entre os jovens de 18 a 24 anos.
As preferências iniciais do eleitorado por Celso Russomanno decorreriam do maior conhecimento dele por cerca de metade daquele, em contrapartida ao pouco conhecimento dos demais, exceto Márcio França.
Russomanno, além de um velho político, eleito várias vezes deputado federal, foi candidato derrotado a prefeito, em 2012 e 2016, com pouca visibilidade no primeiro e maior no segundo, em função do tempo nos programas obrigatórios da propaganda eleitoral, distribuído em função da bancada partidária, tem um programa continuado de televisão, na defesa do consumidor ("patrulha do consumidor") acompanhado por uma população de baixa renda. Ademais é apoiado pela Igreja Universal do Reino de Deus, que é proprietária da rede da TV Record.
A sua base central é um eleitorado evangélico, jovem, de baixa renda e ensino fundamental.
No conjunto, esse eleitorado inicial de Celso Russomanno representaria cerca de 30% do total, mas o "núcleo duro" teria um piso da ordem de 16%.
As suas perdas têm migrado principalmente para Bruno Covas e para Márcio França. Mesmo no eleitorado de baixa renda e ensino fundamental Russomanno se mantém à frente de Boulos. Suas principais perdas estariam entre os mais jovens e parte dos evangélicos.
A tentativa de manter o seu eleitorado, associando a sua imagem à de Jair Bolsonaro, por conta do nível de aprovação do presidente, em função do auxílio emergencial, teve efeito negativo.
Embora tenha melhorada a aprovação nacional, Bolsonaro não tinha o mesmo nível de aprovação nacional na cidade de São Paulo e foi agravado pela posição contrária à compra da vacina Coronavac, que parece ser a primeira a ser disponibilizada no Brasil. A maioria da população quer ser vacinada, não estabelecendo preferência ou recusa em função da origem nacional da vacina.
Os favoráveis às restrições à vacina da SINOVAC já seriam eleitores de Russomanno, não havendo ganho para este. Mas entre os contrários às posições do residente que seriam ao todo 67% do eleitorado, há eleitores de Russomanno que tendem a deixá-lo. Se forem em direção de Bruno Covas e não de Márcio França, manteria a sua condição de ir para o segundo turno.
O principal bastião estratégico de Russomanno está no segmento de 0 a 1 SM,  dominado por este, com 28% das preferências, seguido por Bruno Covas, com 25%. Boulos só tem 5% nesse segmento, superado por Márcio França e Jilmar Tatto.  É o principal segmento de atuação direta de Boulos, com o seu movimento dos trabalhadores sem teto - MTST, promovendo invasões de áreas desocupadas. Não teria a aprovação generalizada dos fora do movimento. O seu principal instrumento é a rede social, que pouco atinge esse segmento, por não terem ou não saberem utilizar os aplicativos dentro dos celulares, mesmo que os possuam. Já Jilmar Tatto conta com enormes recursos, do Fundo Eleitoral, para uma campanha "corpo a corpo" com a mobilização de cabos eleitorais. Tem o dobro de Boulos na preferência desse segmento, empatando com Márcio França, que tem 9%.

Boulos precisaria ter superado Márcio França e alcançado pelo menos 10% nesse segmento para poder chegar ao segundo turno. Ele precisaria que os universitários de esquerda se dispusessem a ir às ruas das periferias, como ação de militância, o que o PT conseguia fazer no passado. Mesmo com a ação voluntária, conta com poucos recursos para a logística e tempo para tal. Tem ainda a restrição do risco de contaminação pelo coronavírus.
Já Russomanno conta com a rede de igrejas evangélicas, que através do acolhimento a essa população que as busca e do trabalho dos pastores consegue manter a preferência a ele.
É também o segmento beneficiado pelo auxílio-emergencial, mas esse não teria ajudado Russomanno a aumentar a preferência daquele mais do que tinha ou tem com o apoio das igrejas. Pode ter perdido apoio, uma vez que 71% discordam da posição de Bolsonaro em relação à vacina Coronavac, acima da média geral de 67% dos discordantes. Os que concordam - nesse segmento - são 24%, equivalentes à preferência eleitoral a favor de Russomanno. Provavelmente os bolsonaristas radicais desse segmento da pobreza já estariam com Russomanno.
"Colar” em Bolsonaro não teria ampliado a preferência por Russomanno nos segmentos do seu "núcleo duro" e, em contrapartida, teria ampliado a rejeição dos demais segmentos. O que deverá levar Russomanno ao seu piso de 16%.
A possibilidade de ser superado por Márcio França é maior do que por Boulos. França tem recebido a preferência dos que estão deixando Celso Russomanno e não querem apoiar Bruno Covas, em função da rivalidade entre Bolsonaro e Doria.
Boulos precisaria ampliar a sua base nos segmentos de baixa renda, mas encontra a barreira do PT. Este tende a manter a sua candidatura, mesmo que isso represente cortar a possibilidade de um candidato de esquerda disputar o segundo turno. A prioridade total do PT é ele mesmo e agora o Lula Livre. Não se importa que um candidato de esquerda não chegue ao segundo turno. Se chegar irá apoiar, mas jamais no primeiro turno. É da natureza do petismo.
A partir da análise da pesquisa do IBOPE do final de outubro, os cenários mais prováveis de  para o segundo turno são Bruno Covas x Celso Russomanno ou Bruno Covas x Márcio França.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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