Por Jorge Hori* - A demanda das garagens que recebem carros para estacionar mediante pagamento pelo uso da área ou pela prestação de serviços é formada pelo destino do motorista a algum local próximo à garagem, em função de uma atividade urbana a ser realizada nesse local. Pode ser para trabalhar, para uma reunião, para uma compra, para alimentação, para receber serviços educacionais, de saúde e outras.
Consequentemente, o crescimento de demanda de um estacionamento existente dependerá do crescimento da demanda da atividade de destino do motorista ou passageiro (quando o motorista é um profissional contratado ou a serviço estável do passageiro).
Os cenários econômicos apontam para uma retomada lenta da atividade econômica. O que decorre da estrutura atual da economia brasileira, ainda fortemente dependente do consumo das famílias.
Dentro dessa recuperação, uma atividade deverá ter uma retomada mais forte: a dos estabelecimentos hospitalares, os quais requerem áreas de estacionamento, seja para os profissionais de saúde que irão operar o estabelecimento, como para os pacientes e seus parentes.
Em contrapartida, as faculdades de ensino superior deverão regredir no volume de alunos, em função das restrições governamentais ao financiamento escolar. A alternativa do Governo Federal era ampliar o ensino técnico, para reduzir a demanda pelos cursos superiores. Como aquele tem custos menores, poderia atender melhor a demanda. Para os estacionamentos, significa perdas, uma vez que grande parte dos alunos dessas escolas são jovens sem carteira de habilitação. Mas com a crise dentro do Ministério está tudo parado.
Já o programa de concessões dos aeroportos caminhou bem, com o leilão bem-sucedido de três lotes de aeroportos. Os editais preveem investimentos em estacionamentos, o que será uma oportunidade, mas para poucos.
Cabe registrar que a Vinci, a principal operadora estrangeira de estacionamentos no Brasil, através da marca Indigo, é parte do grupo Vinci, que arrematou anteriormente a concessão do aeroporto de Salvador. Era considerada uma forte concorrente para levar a concessão do aeroporto do Recife e outras do pacote Nordeste. Ficou fora. A concessão foi vencida pela estatal espanhola Aena, com acirrada disputa com a Zurich, que já é a concessionária do aeroporto de Florianópolis.
Dois outros segmentos geradores de demanda para estacionamentos ainda continuarão em ritmo lento, mesmo com a aprovação da Reforma da Previdência, em função da perspectiva de uma demanda ainda fraca e excesso de oferta, em função de investimentos anteriores: escritórios corporativos de padrão A e superior e shopping centers. Esses, além do mais, estão reestruturando o modelo de negócios, o que deverá impactar na demanda de estacionamentos. Os novos empreendimentos tendem a ser mistos, com grandes investimentos. A conjugação dos usos levará inevitavelmente ao uso compartilhado das vagas dentro dos conjuntos.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
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