O primeiro trimestre de 2017 terminou com leve contração nas vendas de veículos. Os emplacamentos encolheram 1,9% para 472 mil veículos entre leves e pesados, segundo a Anfavea, associação que representa as montadoras instaladas no Brasil. A entidade garante que o número não decepciona. “Sabíamos que seria uma situação mais difícil no começo do ano, tendendo à estabilização para só então começarmos a registrar crescimento no segundo semestre”, conta Antonio Megale, presidente da entidade.
Enquanto as vendas de veículos leves encolheram apenas 1,1% no primeiro trimestre, para 184,1 mil unidades, a demanda por pesados despencou. Foram negociados apenas 9,6 mil caminhões, com retração de 26,3% sobre janeiro a março de 2016. Já os licenciamentos de ônibus encolheram 34,2%, com 1,7 mil chassis.
O balanço dos primeiros três meses do ano só não foi pior por causa do bom resultado de março. Foram vendidos 189,1 mil veículos no mês, com aumento de 39,4% sobre o minguado resultado de fevereiro e ainda evolução de 5,5% na comparação com o mesmo mês de 2016. “Desde dezembro de 2014 o mercado brasileiro não registrava crescimento na comparação anual”, destaca Megale. Ele admite que houve um boom das vendas às empresas e frotistas no mês, algo que contribuiu para a performance positiva.
O resultado reflete ainda o grande número de dias úteis de março, que somou 23 dias de vendas. A média diária de emplacamentos também aumentou para 8,2 mil veículos/dia – um crescimento de 9,3% sobre fevereiro. O presidente da Anfavea admite, no entanto, que mesmo se o patamar se mantiver o mesmo em abril, o mês tende a ser bem mais fraco em volume total de vendas. “Teremos dois feriados na sexta-feira, justamente o nosso melhor dia da semana para emplacamentos”, reflete, destacando que serão apenas 18 dias úteis.
Dessa forma, Megale reconhece que o crescimento das vendas verificado em março ainda não é consistente. “O resultado do nosso setor é muito relacionado ao medo da população de perder o emprego. Quanto maior ele é, menores são as nossas vendas”, diz, lembrando que o número de pessoas desocupadas no País ainda é muito alto, o que impede reação mais sólida.
Mesmo com o cenário adverso, ele mantém a perspectiva de que 2017 termine com resultado positivo. “Ainda que seja modesto, teremos um crescimento que servirá como indicador importante do começo da reversão da queda dos últimos anos”, observa. A expectativa é de que o ano termine com aumento de 4% nos emplacamentos, para 2,06 milhões de veículos entre leves e pesados.
Fonte: revista Automotive Business, 06/04/2017