Os mapas de alta precisão atualizados em tempo real devem ser quase tão essenciais para os carros autônomos quanto a própria tecnologia que permitem que os veículos rodem sozinhos. Com consenso acerca do assunto, grandes montadoras alemãs uniram forças (e US$ 3 bilhões) para comprar a Here, empresa de mapas que até então pertencia à Nokia. A companhia agora se estrutura para atender às novas necessidades de suas controladoras - Audi, BMW e Daimler -, que se cercam de novas aptidões para tornar a condução autônoma realidade em breve.
“A indústria vai precisar entregar um nível de tecnologia superior. É uma nova infraestrutura que não temos como suportar hoje. É preciso criar um ecossistema”, diz Vinícius Ferreira, diretor de produtos da Here no Brasil. Um dos passos recentes da empresa para isso é o acordo com a BMW para aprimorar uma solução que a companhia já oferece, o HD Live Map. A partir de 2018 o recurso será atualizado a partir de dados das vias coletados pelos sensores dos carros da marca alemã em circulação.
A promessa é fazer tudo de forma anônima, sem identificar clientes ou condutores, com o objetivo de criar um banco de dados rico e oferecer informações em tempo real sobre as vias. “Só com os sensores e câmeras o carro autônomo tem visão limitada, sem capacidade de identificar o que tem um quilômetro adiante, por exemplo. Garantir que os mapas tragam estas informações é dar ao veículo capacidade de tomar decisões antecipadas, melhorando a segurança”, diz Ferreira.
O projeto, conta o executivo, é que todas as montadoras do consórcio controlador da Here firmem acordo para fornecer seus dados à empresa nos próximos anos. “Vamos processar estas informações e alimentar o ecossistema com elas. Não só os nossos mapas, mas qualquer outro recurso de localização ou internet das coisas que precise disso”, diz. Segundo ele, ao coletar os dados de todas as marcas do consórcio, a Here já garante eficiência em sua solução, com volume expressivo de informações para abastecer seus mapas e outros sistemas.
Brasil: autônomo ainda demora, mas demanda já cresce
Enquanto globalmente as empresas focam no carro autônomo, Ferreira admite que o Brasil deve esperar um pouco mais para contar com esse tipo de tecnologia, mas acredita que o País não ficará completamente defasado. “A boa notícia é que as soluções são globais e vão chegar aqui de uma forma ou de outra”, diz.
Até que o mercado de carros autoguiados seja realidade, o executivo diz que a Here já se beneficia localmente do aumento da demanda por outras tecnologias nos veículos. A empresa detém 90% do fornecimento de sistemas de navegação embarcada para montadoras e assegura que esta demanda está em expansão. “Também temos olhado para outros mercados, como o de seguradoras, de empresas de monitoramento e outros negócios que demandam dados de localização."
Fonte: revista Automotive Business, 07/04/2017