Por Jorge Hori*
O prefeito de São Paulo, João Dória, apresentou a proposta do Programa de Metas da sua gestão, em cumprimento ao previsto na Lei Orgânica do Município, desde2008. A apresentação do Programa de Metas da Gestão tem sido cumprida por todos os prefeitos, mas mais para cumprimento burocrático de uma exigência legal do que o resultado efetivo de um processo de planejamento estrutural.
Em todos os anteriores pouco se cumpriu, sem qualquer penalidade institucional. Pode se considerar que uma penalidade foi a derrota na eleição. Como ocorreu com o prefeito Haddad, que cumpriu menos da metade das metas anunciadas.
O programa de Dória, como os demais, é um conjunto de projetos e atividades classificadas segundo eixos temáticos genéricos (desenvolvimento econômico social, desenvolvimento urbano, desenvolvimento humano etc.).
Tem como propósito um planejamento de ações voltado para as pessoas, mas desconsidera a dimensão fundamental do ser paulistano (morador ou frequentador): o trabalho e, mais especificamente, o emprego.
O prefeito pode alegar que não é atribuição municipal gerar empregos, o que é correto, mas tem duas atuações fundamentais: a atração ou repulsa do emprego na cidade (ou município) e a sua localização.
A dinâmica da cidade é movimentada pelo trabalho, seja pelo emprego formal, como pelas diversas modalidades de trabalho por conta própria.
É o trabalho o principal motivo que gera as viagens dentro da cidade e provoca os congestionamentos. É o trabalho que atrai novos imigrantes. É o trabalho que traz para a cidade, diariamente, milhares de moradores de outros municípios, mas que trabalham dentro dela.
Não cuidando desse aspecto fundamental, o Programa de Metas é apenas um apanhado de ações buscando suprir as deficiências da cidade e da Prefeitura no atendimento às necessidades complementares da vida cotidiana do paulistano.
Os resultados para a cidade são previsíveis. Ter-se-á ao final do seu mandato uma cidade linda, limpa, sem mato, imóveis conservados, sem pichações, boas calçadas e ruas sem buracos. Uma cidade para ser admirada pelos turistas nacionais e internacionais e pelos cidadãos paulistanos que têm recursos e oportunidade de conhecer outras cidades no mundo.
Mas continuará com seus bolsões de pobreza e com o seu trânsito sem trânsito. E a cidade parando em dias de chuvas fortes ou prolongadas.
A atividade de estacionamento pago será pouco afetada seja pela execução ou inexecução do programa de metas. Está sendo afetada pela crise econômica e pela rápida expansão dos aplicativos de chamada. Poderá ser afetada pelas inovações, principalmente pelo uso compartilhado dos automóveis, assim como pelos carros autônomos.
O programa de metas do prefeito Dória não enfrenta diretamente esses pontos específicos. Segundo a metodologia exposta, tais questões não são prioritárias para a nova Administração Municipal.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.