O uso de automóveis ainda é uma unanimidade quando o assunto é meio de transporte e mobilidade – pelo menos em São Paulo. Em uma pesquisa feita pela Visa e intitulada The Future of Transportation: Mobility in the Age of the Megacity (O futuro do transporte: mobilidade na era das megacidades, em tradução livre), entre as cidades pesquisadas na América Latina, a capital paulista aparece com o maior índice do uso de automóveis (73%) pelas pessoas que se deslocam até o trabalho ou local de estudo, como escolas e universidades. O estudo ouviu mais de 19 mil pessoas residentes nas duas maiores cidades de 19 países em todo o mundo.
Globalmente, São Paulo só perde para Xangai, na China, com 81% dos entrevistados que dizem utilizar o carro em seus principais deslocamentos, e para Deli, segunda maior cidade da Índia, com 78%. No Brasil, a outra cidade pesquisada foi o Rio de Janeiro, com 61%, enquanto na América Latina os índices de uso do carro foram 66% na Cidade do México e de 65% e 63% em Buenos Aires e Córdoba, respectivamente.
Apesar disso, as pessoas apontaram alguns aspectos desagradáveis ao dirigir os veículos em grandes cidades. O mais citado foi encontrar um lugar para estacionar, disseram 64% dos pesquisados, seguido pelo risco de ser multado se o carro ficar estacionado mais tempo do que o previsto (44%) e pagar mais horas de estacionamento do que o necessário (42%).
Do total de pessoas entrevistadas em todo o mundo, o transporte público foi citado por 44% delas, também considerando trajetos para o trabalho, escola ou universidade. Metade dos entrevistados, 52%, disseram estar frustrados com o uso do transporte público – fator que pode ter elevado ainda mais a busca por outras alternativas de transporte, como carros compartilhados.
Embora muitas alternativas para a mobilidade estejam surgindo, como os próprios carros compartilhados, aplicativos de transporte individual ou mesmo bicicletas e patinetes, a pesquisa mostra que o tempo de deslocamento tem aumentado em todo o mundo: 46% dos respondentes da pesquisa relataram um aumento no seu tempo de deslocamento para o trabalho/estudos.
O estudo também revela que os pagamentos estão no centro de todas as formas de viagem e continuarão ganhando importância à medida que mais cidades adotarem os pagamentos por aproximação no transporte público e os pagamentos digitais em estacionamentos e serviços de locação, como bicicletas e patinetes.
A facilidade e a agilidade de pagamento são fatores notadamente importantes na América Latina, e este é particularmente o caso de pessoas em São Paulo, onde 79% dos entrevistados disseram que isso influencia na escolha do meio de transporte. Tal índice só foi menor que o de Deli, com 80%. O Rio de Janeiro vem logo depois com 73%. As cidades da América Latina menos preocupadas com a facilidade/velocidade de pagamento foram Córdoba e Buenos Aires, com 42% e 31%, respectivamente.
A complexidade de pagar costuma ser a base de muitas reclamações comuns. O uso de transporte público aumentaria 27% se o serviço fosse mais fácil, aponta o resultado da pesquisa. Do total de entrevistados, 47% disseram ser um problema a necessidade de comprar diferentes bilhetes para os vários meios de transporte, enquanto 44% citaram o fato de não saberem a tarifa a pagar também ser um problema. Outro incômodo citado por 41% o fato de os serviços só trabalharem com dinheiro. Segundo os pesquisados, essas frustrações diminuem sua probabilidade de usar transporte público e os tornam mais propensos a sair de carro.
A pesquisa revela que o carro continua sendo o principal meio de transporte das pessoas em todo o mundo, com média de 60% para a ida e volta ao trabalho ou escola e de 61% para viagens pessoais. A pesquisa foi realizada com 19.384 pessoas residentes em duas grandes cidades de 19 países e todas as entrevistas foram realizadas on-line, em julho de 2018.
As cidades e países participantes foram: Argentina (Buenos Aires, Córdoba), Austrália (Sydney, Melbourne), Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo), Canadá (Toronto, Montreal), China (Shanghai, Beijing), Egito (Cairo, Alexandria), França (Paris, Marselha), Alemanha (Berlim, Hamburgo), Índia (Mumbai, Délhi), Japão (Tóquio, Osaka), México (Cidade do México, Guadalajara), Polônia (Varsóvia, Cracóvia), Rússia (Moscou, São Petersburgo), África do Sul (Cidade do Cabo, Johannesburgo), Suécia (Estocolmo, Gotemburgo), Coreia do Sul (Seul, Busan), Emirados Árabes (Dubai, Abu Dhabi), Reino Unido (Londres, Birmingham) e Estados Unidos (Nova York, Los Angeles).
Fonte: Automotive Business, 25/03/2019