Parceria da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização) com a Associação Comercial de São Paulo vai criar 20 ruas-modelo para referência da Lei Cidade Limpa, que proibiu outdoors e regulou o tamanho de fachadas na cidade.
Teodoro Sampaio (Pinheiros), Domingos de Moraes (Vila Mariana), 25 de Março, 24 de Maio e Barão de Itapetininga (centro), Penha de França (Penha), Antônio de Barros (Tatuapé), Voluntários da Pátria (Santana) e Largo 13 (Santo Amaro), entre outras, servirão de exemplo a lojistas de ruas adjacentes.
Cinco meses e meio depois da promulgação da lei, a falta de informações sobre a permissão de logomarcas e patrocínios nas lojas é a principal queixa dos comerciantes. "A idéia é criar um mecanismo para mostrar não só as dificuldades mas também as soluções para o projeto. Na Liberdade, por exemplo, mexer nos ideogramas descaracteriza um ponto turístico", avalia Roberto Mateus Ordine, vice-presidente da ACSP (Associação Comercial de São Paulo).
O acordo entre a Emurb e a associação deve ser assinado nesta semana pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM). "O objetivo é ajudar quem não tem condições de contratar assessoria em urbanismo. Vamos mostrar como se faz um trabalho com cor e massa e chamar a atenção com material do dia-a-dia", completa Regina Monteiro, diretora de Paisagem Urbana da Emurb.
O projeto, que contará com a assistência de técnicos das 31 subprefeituras da capital, deve ficar pronto em um mês e custar de R$ 600 mil a R$ 800 mil. O gasto com material terá de ser pago pelos comerciantes. A mão-de-obra, segundo a ACSP, deverá ser cedida pela Secretaria Estadual do Emprego.
Críticas
Embora vejam aspectos positivos no Cidade Limpa, urbanistas vêem a iniciativa das ruas-modelo com ressalva e têm receio de que a medida passe a impor uma identidade única à cidade.
"Pode ser uma coisa problemática. É preciso ter parâmetros urbanos. Não pode ser obrigatório, mas é preciso qualificar a vida urbana. É muito difícil, em uma cidade como a nossa, criar uma uniformização. Até porque o comerciante tem direito de criar a própria identidade", diz Gilberto Belleza, presidente do IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil).
Segundo a Emurb, 200 mil folhetos foram distribuídos pelas subprefeituras aos comerciantes da cidade. São 180 mil as lojas de São Paulo que teriam de se adequar à lei. A Associação Comercial paulista também fez campanha com comerciantes, mesmo com os que não são filiados à instituição.
Fonte: Folha de São Paulo (São Paulo), 27 de maio de 2007