"No próximo mês alguns municípios deverão reajustar tarifas ou achar recursos para subvenção", disse Cunha. "Feitas em algumas cidades, as isenções - em especial do ICMS sobre o diesel - apenas têm ajudado a não dar impactos maiores nas tarifas", acrescentou Cunha. Segundo ele, o déficit de 12,8% já considera as isenções feitas pelo governo federal na folha de pagamentos para o setor, que mudou a contribuição patronal na alíquota de faturamento, resultando em uma diminuição de 4% no custo, além de 3,85% relativo à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins).
"Em consequência das manifestações de 2013 houve uma deflação de 5% nas passagens, apenas com as desonerações e reduções", informou o presidente da associação. De acordo com a NTU, as gratuidades e os benefícios nos sistemas de transporte são outros fatores responsáveis pelo aumento de 17,8% das passagens. A principal reclamação da entidade é a política de incentivo ao transporte individual, promovida pelo governo. "A política de preços do óleo diesel mostra isso. Entre junho de 2012 e novembro de 2014, o preço da gasolina aumentou 23%, enquanto o óleo diesel [principal combustível usado pelos ônibus] aumentou 38%", disse Cunha. Se o recorte for entre 2001 e 2014, o diesel contabiliza, segundo a NTU, um aumento de 202%. No mesmo período, as passagens aumentaram 163%, o Índice de Preços ao Consumidor Ampliado foi 128% e a gasolina teve um reajuste de 76%.
O presidente ressalta que o óleo diesel representa 23% do custo total dos serviços de transportes.
Alternativas
Para melhorar a situação das empresas, a NTU aponta alternativas. Entre elas, a criação de um programa emergencial de qualificação do transporte público urbano por ônibus; a adequação da estrutura do governo federal à Lei de Mobilidade Urbana, o que, segundo Otávio Cunha, não tem ocorrido; um mutirão nacional em favor dos planos de mobilidade urbana; e o apoio à aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 307/13, que destina 70% dos recursos da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico aos municípios, 20% aos estados, e 10% ao governo federal.
"Se metade da subvenção [destinada a municípios] tiver como destino a operação de transporte público, metade dos custos estariam abatidos. Ou seja, reduziria pela metade o preço da passagem de ônibus", disse. Projeções da NTU indicam que seriam arrecadados cerca de R$ 35 bilhões por ano.
Ele propõe que a outra metade dos recursos municipais tenha como destino a infraestrutura de transportes. As propostas apresentadas sugerem a priorização do transporte público sobre o individual, a continuidade dos investimentos federais, estaduais e municipais no transporte, e a implantação de uma política de preços diferenciada para tornar o óleo diesel mais barato.
Fonte: jornal DCI, 21 de novembro de 2014