A maioria das mortes ocorreu nos países em desenvolvimento. O Brasil ocupa o quinto lugar no ranking elaborado pela OMS, atrás de Índia, China, EUA e Rússia. Um novo relatório sobre a violência no trânsito será lançado em dezembro, mas, segundo especialistas da OMS, o Brasil deve continuar no topo da lista.
De acordo com o último levantamento do Ministério da Saúde, em 2010 as mortes em acidentes chegaram a quase 42,8 mil. A taxa brasileira (22,4 mortes por 100 mil habitantes) é mais que o dobro da média dos países ricos, que implementam políticas de prevenção há décadas.
"O Brasil já adotou algumas medidas, mas por outro lado o número de mortes continua muito alto, então ainda é preciso fazer mais. Uma das coisas é aumentar o trabalho de fiscalização, de colocar em prática as leis que já existem mas que às vezes estão só no papel", disse Etienne Krug, diretor do Departamento de Prevenção da Violência da OMS.
Há dois anos, a ONU estabeleceu a meta de reduzir as mortes no trânsito em 50% até 2020, na chamada Década de Ação para a Segurança no Trânsito. O governo federal se comprometeu com o objetivo e chegou a lançar um plano nacional em maio do ano passado, mas até hoje não apresentou nenhum balanço das atividades.
"O comprometimento político é fundamental para a implementação de políticas de prevenção, assim como um trabalho integrado entre os setores responsáveis tanto pelo gerenciamento do trânsito quanto da saúde pública", disse Francesco Zambon, coordenador de estatísticas da OMS na Europa.
Vida no trânsito
Diante da ausência de metas claras nas campanhas do governo federal, a OMS coordena desde 2010 um projeto piloto em capitais das cinco regiões brasileiras: Belo Horizonte, Campo Grande, Curitiba, Palmas e Teresina. O objetivo é reduzir as mortes em até 10% em 2013.
O Brasil foi um dos dez países em desenvolvimento selecionados para receber parte de uma doação de 125 milhões de dólares feita pela fundação de Michael Bloomberg, prefeito de Nova York. "Ele pesquisou qual era a doença que estava matando mais gente e recebendo menos verba e descobriu que era o trânsito", disse Krug.
O foco do projeto brasileiro, batizado de "Vida no Trânsito", é no controle da velocidade e da ingestão de bebida. Bafômetros e radares também foram comprados. Policiais, agentes de trânsito e técnicos das cinco cidades estão sendo treinados pela Universidade John Hopkins, dos EUA, que também foi contratada para monitorar se o programa está tendo resultados.
Segundo o último balanço, em 2011 houve redução no número de mortos e feridos em quatro cidades, menos Belo Horizonte.
Fonte: Folha de S. Paulo, 4 de outubro de 2012