Por Jorge Hori*
Enquanto no interior do Estado de São Paulo a frota de veículos aumenta, na região metropolitana a frota permanece estagnada, mas com mudança de perfil. A frota dos carros menores, do padrão 1.0, vai migrando para o Interior e aumenta a frota dos SUVs, carros de maior potência, de maior volume e, principalmente, os com maior tecnologia embarcada.
As montadoras não querem apenas vender mais carros, mas os mais modernos e possantes. As suas campanhas enfatizam a mudança de patamar na troca do carro usado.
A mudança do perfil é mais acentuada na frota em circulação e na demanda para os estacionamentos pagos.
Os carros novos da faixa de menor potência (do um ponto), assim como dos seminovos, são os preferidos dos "sabadeiros" e "domingueiros" que deixam o carro parado durante a semana e só saem nos finais de semana e feriados. Quando usam, procuram estacionar nas vias públicas. Querem ter o seu carro, utilizá-lo e, principalmente, mostrá-lo, mas gastar o menos possível. Não são importantes demandantes dos estacionamentos pagos. Principalmente dos operados por manobristas.
Com a elevação generalizada dos preços dos estacionamentos, o perfil vem-se acentuando, com um crescimento maior dos serviços de valet dentro dos estacionamentos. Apesar dos preços mais elevados, o motorista de carros modernos, principalmente dos importados, sente-se mais seguro entregando o carro a um manobrista de um valet.
O aumento do volume dos SUVs e similares que vem dominando o mercado exige maior espaço da vaga, requerendo a criação distinta de vagas para carros grandes e comuns. Já os míni se ajeitam nas vagas comuns, não havendo, por enquanto, nenhuma destinação específica, o que acabará por acontecer com o aumento dessa frota. A cobrança de valores distintos pelo tamanho do carro é contestada, mas acabará também por acontecer, de forma inversa, numa primeira fase: a tarifa normal será do carro grande e o comum terá descontos.
Para os operadores, a mudança de perfil traz outro problema: a capacitação dos manobristas. Num primeiro momento era treinar para os câmbios automáticos, mas com a evolução e sofisticação da tecnologia embarcada, com as empresas buscando a competitividade mediante diferenciações, os manobristas precisam conhecer bem cada carro, cada botão.
E começa a ter a formação de manobristas especializados. Os que conhecem bem um determinado carro. E os detentores de carros diferenciados tenderão a buscar o atendimento também diferenciado. Passará a ser um fator de competitividade.
* Jorge Hori é consultorem Inteligência Estratégicae foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
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