Por Jorge Hori*
Em nome da necessidade de ordenar o funcionamento da cidade, a Prefeitura de São Paulo aprovou e divulgou o Plano de Mobilidade Urbana de São Paulo - 2015, mais um exemplo de intervencionismo estatal sobre as atividades econômicas privadas e a vida do cidadão.
A atual gestão da cidade quer, porque quer, uma ampla mudança cultural do paulistano e que ele deixe de usar o carro e passe a se movimentar de bicicleta e de transporte coletivo. A intenção é boa e, se efetivada, certamente melhoraria em muito a movimentação das pessoas na cidade.
Mas, com base em visões adequadas do futuro, parte de diagnósticos equivocados e propõe medidas incorretas e indevidas.
O equívoco é o entendimento dos tecnocratas, com apoio das autoridades atuais, de que a existência de vagas para estacionamento de automóveis gera ou estimula o uso desses veículos, ampliando os congestionamentos.
Vaga não é uma oferta que gera demanda. Vaga é uma demanda derivada criada pela demanda de viagens por carro. E a falta de vaga reprime uma demanda local e não geral.
Ao longo do tempo, a carência de vagas leva o motorista a buscar outros locais onde existam vagas. Antecedido pelo mercado imobiliário, que passa a empreender em novos locais, com a oferta de vagas, abandonando as antigas áreas com falta de vagas. O resultado é a deterioração das áreas sem vagas, como ocorreu com o centro tradicional da cidade e adjacências e a dispersão dos centros de negócios para outras localidades. Apenas se deslocam os locais.
O que é mais grave, deslocou os polos de demanda dos trabalhadores para áreas mal servidas pelo transporte coletivo.
Há várias estratégias equivocadas na política de estacionamentos da PMSP, mas a mais grave é a intenção de intervir nos preços dos estacionamentos. Para o que ela não tem competência institucional.
Ela pretende gerir a demanda de vagas de estacionamentos na cidade com intervenções equivocadas e inconstitucionais. Não vão se efetivar mas gerar um calor desnecessário.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.