No entanto, o papel desempenhado pelos guardadores de carro vai de encontro à lei. É o que explica o advogado e especialista em gestão pública Pedro Corrêa. Segundo ele, uma área pública só pode ser explorada mediante autorização da prefeitura, governo do Estado ou União, de acordo com a esfera de poder que tenha competência sobre o local. Os órgãos municipais, por sua vez, se eximem de responsabilidade sobre a questão. Na Superintendência de Engenharia de Tráfego (SET), por exemplo, a chefe do setor de estacionamento, Leonira Santana, afirma que não cabe à SET fiscalizar a atuação dos guardadores clandestinos. "Esta é uma questão social, talvez fosse o caso de uma ação da Polícia Militar", diz.
Conforme a reportagem do jornal, o discurso é repetido na Secretaria Municipal de Serviços Públicos (Sesp). Citada por Leonira, a Polícia Militar alega que tal controle caberia mesmo à prefeitura, pois a polícia só entra em ação se houver algum tipo de delito, como ameaça ou extorsão.
Enquanto o poder público não decide fiscalizar a exploração financeira das vias de Salvador, o "ofício" de guardar carro se fortalece como opção para quem não consegue emprego. Não se sabe a quantidade de "flanelinhas" espalhados pela cidade. Os dados existentes referem-se apenas aos profissionais que são sindicalizados e atuam legalmente. Segundo o Sindicato dos Guardadores de Carro (SindGuarda), atualmente cerca de mil pessoas são filiadas à entidade.
Fonte: A Tarde - Salvador (BA), 27 de outubro de 2007