Se a experiência der certo, a prefeitura deve expandir a ação organizada de flanelinhas para outros locais do município. As informações são do assessor técnico da Secretaria de Transportes e Infra-Estrutura Urbana, Paulo Roberto Starling.
Os flanelinhas já atuam organizadamente na Vila Rubim. Num trabalho conjunto com a associação de comerciantes local, eles são cadastrados e cuidam dos carros. Agora, para atuar dentro do rotativo, recebem cursos para aprimorar a abordagem e o atendimento ao cidadão."A fiscalização do trabalho deles vai ser feita pela Covit (empresa concessionária do estacionamento rotativo municipal) e pelos agentes da Guarda Municipal", acrescentou Starling.
Em outubro, a reportagem de A GAZETA ouviu vários condutores de veículos, no Centro, reclamando da intimidação que sofriam, de flanelinhas, para pagar mais caro do que o valor do rotativo ao estacionar o carro. Apesar de o valor do cartão ser R$ 1,50, alguns motoristas pagaram R$ 2,00, com medo de sofrer alguma retaliação.
Em alguns casos, eles pagavam mais caro também porque não havia muitos postos de venda do cartão. Na época, a prefeitura alegou que a fiscalização contra as intimidações seria intensificada e número de locais de venda de cartões, ampliado. Além dos agentes da Covit, a compra do cartão passaria a ser feita também em pequenas lojas e até em bancas de revistas.
Comerciantes apóiam a medida
Os comerciantes da Vila Rubim querem a venda de cartões do estacionamento rotativo pelos flanelinhas. Nessa região, inclusive, eles são chamados de zeladores, dado o trabalho organizado que mantêm.
A única divergência entre os comerciantes é sobre a criação de vagas rotativas, que, no entanto, já foi demandada por eles. "Quem é contra o rotativo não quer pagar pelo dia inteiro e alega que o sistema afastaria os clientes. Já quem quer o rotativo entende que, para o consumidor, que já paga cerca de R$ 1,00 para estacionar, não há muita diferença em pagar mais R$ 0,50", afirmou o presidente da Associação de Comerciantes de Vila Rubim, Renato Freixo de Souza.
A expectativa dos comerciantes é que os zeladores recebam entre R$ 480 e R$ 520, além de 13º salário, entre outros benefícios.
Guardadores - Os zeladores que atuam organizadamente na Vila Rubim também não querem o rotativo. Representante deles, Leíldo da Silva Souza, 33 anos, afirma que os colegas vão deixar de receber cerca de R$ 700 por mês, apesar de terem se esforçado por organizar o estacionamento na região. "Temos regras rígidas, como nunca cobrar nada de ninguém que pára o carro. Elas dão se quiserem, e geralmente dão R$ 1,00. Também não permitimos que os zeladores se envolvam em atividades ilegais, e por isso estamos expulsando alguns deles agora. Com o rotativo, menos pessoas vão parar aqui, pois vai ficar mais caro, e vamos ganhar menos", lamentou o zelador.
Apesar das queixas, ele afirmou que o grupo de guardadores de carro não está preparando nada para evitar a instalação do rotativo.
Parceria - "Colocar os zeladores para vender os cartões do rotativo na Vila Rubim pode até dar certo, mas, nos outros lugares da cidade, é inviável", argumenta o comerciante Fabiano Santanna, 35. "Tenho um comércio na Vila Rubim e sei que aqui funciona bem porque é junto dos comerciantes. Mas já vimos que perto da Escola de Música, eles recebiam dinheiro para o cartão, mas usavam-no para vários carros. A prefeitura precisa fiscalizar, e o preço dos cartões não pode subir".
Confiança
"Com o rotativo na Vila Rubim, vou deixar de parar o carro aqui. Mas acho que os zeladores devem vender os cartões do rotativo. Eles são pessoas de confiança, todo mundo os conhece há muito tempo. Tem gente até que deixa a chave do veículo com eles, o que é raro, hoje em dia. Além disso, é uma forma de dar uma oportunidade de trabalho a eles", disse a funcionária pública Mary Darlene Santos, 40 anos
Quem fiscaliza? - "A venda de cartões do rotativo pelos flanelinhas vai ser bom, porque vai garantir mais segurança para os motoristas", disse Benvindo Nilo de Castro, 53 anos, motorista. "Paro o carro aqui (na Rua do Rosário, no Centro) com freqüência, e eles estão sempre por perto. Acho que a idéia deve ser implantada em toda a cidade. Mas quem é que vai fiscalizar a ação deles? A prefeitura precisa definir isso".
Praia do Canto
Praia do Canto
A expectativa de que a Praia do Canto e a Enseada do Suá tenham estacionamento rotativo no primeiro semestre de 2007 ainda está mantida pela Prefeitura de Vitória. Isso apesar do atraso da implantação no Centro. Segundo Paulo Roberto Starling, assessor técnico da Setran, já ficou pronto um mapeamento das vagas na Praia do Canto, mas falta articular a implantação do rotativo com as associações comercial e de moradores, que deve começar este mês.
Isenção
Não passaram de idéias algumas medidas previstas para minimizar o impacto da implantação do rotativo no Centro. Uma delas é a criação de um cartão que custasse a metade do preço atual, que é R$ 1,50. Ganharia o cliente de uma loja que ocupasse a vaga pela metade do tempo definido atualmente. Outra medida seria a isenção para donos de pontos comerciais, além de inquilinos dos donos de apartamentos da região. Hoje, só tem isenção para uma vaga quem tem – e mora – em apartamento no Centro.
Vagas
A criação de estacionamento rotativo na Vila Rubim e no Parque Moscoso foi dada como certa, pela prefeitura, em 2006. Porém, ela ainda não começou. Segundo o assessor técnico da Secretaria de Transportes e Infra-Estrutura Urbana (Setran), Paulo Roberto Starling, não houve imprevistos que atrasassem a obra. "Parou por causa do Natal". A expectativa da prefeitura é criar 1,5 mil vagas em toda a região do Centro. Só na Vila Rubim, são cerca de 500.
Fonte: A Gazeta (Espírito Santo), 02 de janeiro de 2007