Por Jorge Hori*
Os estacionamentos comerciais têm uma perspectiva mais positiva para o fim de ano de 2017. Mas os impactos serão diferentes, em função das características dos atratores dos veículos. Espera-se, com fundamentos, um aumento de movimento comercial no varejo, mas os lojistas enfrentarão a concorrência dos demais. Já os estacionamentos, além de ficaram na dependência da demanda dos lojistas no seu entorno, terão a concorrência dos veículos, chamados pelos aplicativos do tipo Uber, 99, Cabify e outros.
Uma alternativa para melhorar a demanda será a parceria dos estacionamentos com os comerciantes, conforme analisado adiante.
A atividade de estacionamento enfrentou, nos últimos anos, a tempestade perfeita. Além da crise econômica geral que afetou ou seus negócios, como de todas as demais atividades, a difusão dos aplicativos de chamada de automóveis para o transporte individual afetou intensamente a demanda por estacionamentos.
O amplo sucesso desses aplicativos, por ter se constituído numa alternativa de renda para os desempregados, gerou um paradoxo: houve uma redução na frota de veículos em circulação, por falta de renovação ou, simplesmente, pela não utilização do veículo. Isso afetou os estacionamentos comerciais, uma vez que mesmo os veículos mantidos estacionados ficaram em estacionamentos residenciais. Por outro lado, houve piora no trânsito pela maior utilização da frota e também pelo estacionamento dos veículos vinculados aos aplicativos em via pública, na espera da chamada do cliente. E, com o aumento da oferta, os motoristas vinculados aos aplicativos tiveram que aumentar substancialmente o número de horas à disposição do serviço. Alguns desistiram.
As "festas natalinas" de 2017 deverão ser diferentes das ocorridas nos últimos três anos. Em2014, acrise ainda não havia se instalado, mas as perspectivas de incerteza, aliadas a preços mais altos, refreou as compras. Exceto de aparelhos celulares.
Em 2015 e2016, acrise já estava instalada, levando à queda no volume de compras, assim como dos valores. Os consumidores, mesmo os com renda, evitaram se endividar.
Dezembro de 2017 deverá ocorrer em outro clima. Apesar das incertezas políticas, a confiança do consumidor está maior. E, com isso, a predisposição de se endividar para comprar "algo a mais". Ademais, alguns irão efetivar a reposição de seus bens duráveis, adiada em função da crise. Esse movimento já estaria ocorrendo no mercado de carros, com uma retomada de vendas e retorno dos índices de aumento da frota.
Dentro desse quadro, a perspectiva é que os consumidores se movimentarão mais para fazer compras no varejo. Que meio de transporte utilizarão? O transporte coletivo é sempre uma alternativa, mas enfrentará limitações no transporte de pacotes. A utilização de táxis ou carros particulares chamados pelos aplicativos será uma alternativa. Mas com limitações, para as compras realizadas em diversas localidades.
Restará, para os que têm o seu automóvel, a alternativa de utilizá-lo para as compras. Nesse caso irão utilizar um estacionamento comercial.
No confronto de custos, dependerá das distâncias a serem percorridas e do tempo de permanência.
Esta condição poderá fazer com que comerciantes passem a oferecer preços diferenciados nos estacionamentos a eles vinculados (por propriedade, locação ou associação) para a atração de clientes. Como a redução ou até isenção do custo de estacionamento em função do volume de compras, ou reduções mais significativas nas horas adicionais.
As parcerias com os comerciantes serão um fator estratégico para atração de clientes. Para vencer a concorrência dos aplicativos. Mas poderá ser um risco para os estacionamentos com demanda natural acima da sua oferta. Nesse caso poderá representar uma perda de receita.
Não será uma estratégia linear, aplicável a todos, mas em função das perspectivas dos comerciantes do entorno da garagem.
Lembrando sempre que a demanda de estacionamentos não é primária, mas derivada da demanda para os destinos desejados pelos usuários.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
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