Das cerca de 40 mil vagas existentes na região, apenas entre 20% e 25% são de empresas regularizadas. "Os estacionamentos ainda por cima não são bem localizados em relação às necessidades e os preços são altos", diz Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo. Ele lembra que a entidade defende a construção de estacionamentos subterrâneos no Centro, proposta que se arrasta há incríveis 40 anos, mas só se concretizou, há aproximadamente nove anos, em dois pontos, longe dali: no Hospital das Clínicas e no Parque Trianon, ao lado do túnel da Avenida 9 de Julho. Interessados em explorar garagens subterrâneas na carente área central não faltam. E a demanda é enorme, pois esta abriga atrações irresistíveis a paulistanos e visitantes de cidade em geral, como o Teatro Municipal, o Mercado Central e o efusivo comércio da rua 25 de Março - além de várias repartições públicas. Também não faltam projetos: a Prefeitura preparou seis, que resultariam em 2,5 mil novas vagas e já deveriam estar em obras, não fosse o desinteresse da iniciativa privada nas propostas, concebidas para as Praças Ramos de Azevedo, Dom José Gaspar e João Mendes, o Mercado Central, o Pátio do Colégio e a avenida São João.
Segundo Sérgio Morad, presidente do Sindicato das Empresas de Garagens e Estacionamentos do Estado de São Paulo (Sindepark) e proprietário da rede de estacionamentos Multipark, os projetos não atraem os empreendedores porque não contemplam a equação do negócio, que tem de combinar tarifa, rotatividade, financiamento e parceria com a Prefeitura, para resultar em lucro. Ele sugere que ainda falta empenho da administração municipal, pois o negócio é complexo: "Numa parceria, a Prefeitura talvez não tenha de entrar com recursos, mas com serviços na difícil e delicada etapa de escavação, em que é preciso remover estruturas, fiações".
Morad também lembra que é difícil obter financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), pois pelos atuais critérios o banco oficial não pode classificar esse tipo de obra como infra-estrutura. Embora a carência de vagas no centro seja mais evidente, o problema também afeta outras áreas da cidade, como trechos ao longo das Avenidas Faria Lima e Luiz Carlos Berrini e dos bairros Itaim e Vila Olímpia.
E a solução pode até passar pelo aumento de vagas em estacionamentos, mas relaciona-se também a mudanças mais estruturais, na opinião de Roberto Andréa Naman, vice-presidente de comunicação Sindepark e proprietário da rede Netpark: "É necessário melhorar essa situação crítica do trânsito e isso, necessariamente, depende da melhoria da eficiência do transporte público". Ele também defende o transporte solidário e por bicicletas e a proibição de estacionamento em determinadas vias públicas, para aumentar a fluidez do tráfego: "Na Vila Olímpia, por exemplo, o trânsito pára em muitas ruas porque há faixa de estacionamento dos dois lados".
O Diário do Comércio prossegue com a afirmação de que o velho modelo de estacionamento em terrenos exclusivos para acomodar os veículos já não se sustenta em São Paulo. Persiste apenas em áreas como o Centro, no qual se instalaram garagens nos esqueletos de antigos prédios comerciais e nos bairros, a maioria periféricos. A valorização imobiliária torna esse negócio a cada dia mais inviável: "A tendência é esse modelo desaparecer", diz Naman.
As maiores empresas hoje são administradoras de estacionamentos, principalmente de edifícios comerciais, que proporcionam a maior parte das 630 mil vagas disponíveis na Capital, distribuídas em nove mil garagens. Isso explica o fato de a região da Avenida Paulista, por exemplo, com seu grande número de prédios comerciais, flats, hotéis, estar relativamente bem servida de vagas. É uma solução que contempla ao mesmo tempo as administradoras, a demanda e a necessidade de os edifícios valorizarem o uso do imóvel em regiões de alto custo imobiliário e ainda obter renda extra. Os contratos entre as empresas que administram os estacionamentos e os condomínios podem ser de locação, mas normalmente são híbridos, na definição de Morad: "Temos de bancar o aluguel e, ao mesmo tempo, sermos prestadores de serviços nesses edifícios". Para moradores de flats e hotéis ou usuários de prédios comerciais, os custos são embutidos no condomínio. Os preços variam extremamente. Nas garagens regularizadas e bem-estruturadas, a primeira hora custa de R$ 6,00 a R$ 10,00, segundo Naman. A segurança, nesses locais, aumentou bastante nos últimos anos, com a adoção de controles de acesso eletrônicos, sensores de presença e sistemas de monitoramento por câmera, a partir da entrada. Na área central a primeira hora pode sair por R$ 2,00 e algumas garagens cobram por hora fracionada. Mas nesse caso as condições de segurança são geralmente precárias, até porque a maior parte dos empreendimentos é irregular, afirma o jornal.
Estimativa no Estado de São Paulo
Estacionamentos.................................................................... 11.000
Vagas................................................................................... 900.000
Empregos diretos................................................................... 30.000
Média de veículos atendidos/mês................................... 80 milhões
Estacionamentos associados ao Sindepark.............................. 1.500
Frota de veículos no Interior de S.Paulo .......................... 7.328.590
Estimativa na Cidade de São Paulo
Estacionamentos.......................................................................9.000
Vagas................................................................................... 630.000
Empregos diretos................................................................... 25.000
Média de veículos atendidos/mês................................... 60 milhões
Frota de veículos na cidade de São Paulo......................... 6 milhões
Fonte: Diário do Comércio (SP), 29 de fevereiro de 2008