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Empresas devem preparar ajustes no modelo de negócio

 

Por Jorge Hori* - O comportamento e evolução de cada setor ou segmento da economia não seguem necessariamente os da macroeconomia, isto é, de todo o conjunto da economia. As previsões no mês passado apontavam para grandes quedas do PIB, entre 5 e 9% de queda. As novas previsões já preveem queda menos acentuada em função dos impactos do auxílio emergencial de R$ 600,00. Esses, no entanto, não são generalizados, favorecendo os setores de alimentação e aluguéis, as principais prioridades dos beneficiários. Outros segmentos de bens de consumo não duráveis populares, como materiais de limpeza, têm uma compensação entre as perdas nas classes de maior renda e os ganhos na menor renda. O mesmo ocorre com os serviços de beleza, com a melhoria dos serviços na periferia das cidades e estagnação ou piora nos serviços prestados a clientes de maior renda.
Os setores com mais trabalhadores formais vêm sofrendo mais, com aumento das demissões e demora no crédito para a sobrevivência das micro e pequenas empresas formais. O comércio de varejo popular tem enfrentado problemas de aglomeração de pessoas, enquanto os shopping centers amargam com a falta de clientes.
Os estacionamentos, como reflexo das demais atividades, beneficiam-se menos da evolução do consumo popular, uma vez que a maioria desse segmento não dispõe de carro próprio. No conjunto de setor há uma forte redução da demanda.
Por outro lado, haverá uma redução da oferta, em função do menor volume de lançamentos imobiliários destinados a escritórios, o principal elemento gerador de ofertas de vagas pagas abertas ao público. As garagens de edifícios residenciais que estavam em queda, em função das restrições governamentais movidas pela ideia de desestimular o uso de carros, voltarão aos índices mais antigos, mas essa recuperação deverá ser lenta. O estoque de lançamento de edifícios residenciais, em São Paulo, está dominado pelo padrão do "não quero ter carro". Vão faltar vagas para os carros em edifícios residenciais, levando os proprietários dos carros a buscarem vagas nas vias públicas. Eventuais restrições urbanísticas para o uso da via pública para estacionamento de longa duração poderão gerar oportunidades adicionais para edifícios-garagens em áreas de elevada densidade de moradores, invertendo as estruturas anteriores, em que a maior oferta de estacionamentos pagos está nas áreas de maior densidade de trabalho e uma oferta menor nas áreas predominantemente residenciais.
A oferta de estacionamentos em terrenos vagos dependerá das estratégias das imobiliárias na formação do seu banco de terrenos. Uma grande parte dos terrenos usados como estacionamento é daqueles que estão esperando pela construção de uma nova edificação. O incorporador compra o terreno, muitas vezes com edificação que é demolida, para evitar invasões, e enquanto não inicia as obras, seja pelas demoras burocráticas como pelas condições do mercado, aluga para utilização como estacionamento. O que se percebe, em relação ao esfriamento do mercado imobiliário, é uma compra menor de terrenos, o que deverá se refletir também na redução da oferta.
São mudanças significativas que irão requerer das empresas o ajuste do seu planejamento estratégico e até mesmo mudanças no seu modelo de negócio.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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