Por Jorge Hori*
Além de Celso Russomanno, a esta altura já um veterano apresentador de programas de TV imerso na política, juntamente com a sexóloga Marta Teresa, dois outros apresentadores estão manifestando interesse em se candidatar às eleições para prefeito em 2016. Sem experiência ou visão política, a tendência deles em relação aos estacionamentos é ver a questão como usuários comuns, como críticos contumazes do que ocorre na cidade e voltados à transformação em notícia.
Esses candidatos tenderão a seguir os preconceitos usuais de achar que os preços dos estacionamentos são altos, alguns abusivos e controlados por um cartel de empresas que combina os preços, segundo eles. E tendem a ser seduzidos pela ideia de que a solução são as garagens subterrâneas.
Não percebem que o aumento dos preços dos estacionamentos é uma decorrência da valorização imobiliária, com o repasse dos aumentos de aluguéis. Com a crise será inevitável uma queda generalizada de preços, com algumas poucas exceções. Os preços não são combinados, mas seguem uma tendência de mercado e a disponibilidade de informações. Até porque é exigida pela regulação pública. Qualquer operador de estacionamento sabe quanto o seu vizinho cobra. E pode tanto equalizar o seu, como fazer uma guerra de preços: é o mercado! Não cartel.
Como jornalista, tem o viés de buscar o que é notícia, o que tem repercussão pública e não o que é o mais importante.
Na questão dos estacionamentosem São Paulo, para o novo prefeito, dois são os problemas mais críticos:
- a atuação sobre os estacionamentos informais, que não seguem as exigências legais, não pagam devidamente os tributos e não oferecem segurança, mas se aproveitam da cultura generalizada do usuário que quer sempre estacionar o mais próximo do seu destino;
- a regulação pretendida pelo atual prefeito de transferir as vagas que ele já restringiu nos edifícios residenciais e comerciais para edifícios garagens, cuja viabilidade econômica é duvidosa.
Com a emergência dos escandalo-jornalistas a candidatos a prefeito, o setor de estacionamentos, assim como vários outros, tenderão a ser vistos apenas pela ocorrência de exceções que viram notícias do que como um serviço urbano essencial, que precisa ser adequadamente tratado.
* Jorge Hori é consultorem Inteligência Estratégicae foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.