Por Jorge Hori*
O mundo passa por um irreversível processo de urbanização, com a maioria da sua população vivendo nas cidades. O Brasil já está mais avançado nesse processo, com cerca de 80% da sua população vivendo nas cidades.
Esse processo vem ocorrendo com ocupações desiguais dos territórios, tendendo a formar grandes aglomerados urbanos, caracterizados como metropolitanos. Em alguns casos, como megalópoles.
Mais uma vez o Brasil está no "pelotão da frente" desse processo, com várias regiões metropolitanas de grande porte, entre as quais se ressalta a de São Paulo, com uma população da ordem de 20 milhões de habitantes, sendo 10 milhões na capital, isto é, na cidade de São Paulo. É uma das cinco maiores megalópoles mundiais.
Esta urbanização/metropolização tem sido acompanhada por um processo de motorização, definido pelo número de carros por habitante ou - ao contrário - a quantidade de habitantes por carro. Eram 28,1 carros para cada 100 habitantes, no Brasil, em 2014.
A cidade de São Paulo já alcançou o padrão de 45,2 carros para cada 100 habitantes.
Esse aumento de motorização tem gerado problemas de congestionamentos - dado o não acompanhamento da expansão do sistema viário - e de emissão de gases de efeito estufa.
Diante desse crescente problema, urbanistas e ambientalistas têm buscado e proposto soluções que partem de uma premissa: é preciso reduzir a motorização.
Essa premissa tem sido tratada como dogma religioso, ou ideológico. Mas não tem conseguido conter os avanços da motorização, em função das preferências das pessoas, insufladas pela indústria automobilística e do petróleo&gás.
A partir dessa premissa ou dogma, os estacionamentos entram como vilões. A visão dos anticarros é que os estacionamentos incentivam o uso dos carros. Assim, se assume que se houver redução da oferta de estacionamentos as pessoas seriam desestimuladas a usar o carro, o que determinaria a redução ou contenção de crescimento da motorização, com beneficio ao trânsito e ao meio ambiente.
Muitos governos têm adotado medidas no sentido de restringir os estacionamentos, mas sem os resultados esperados. O deficit de estacionamentos não tem desestimulado o uso de carros. E tem gerado um efeito contrário. Os congestionamentos têm aumentado, em polos de demanda, pelos motoristas que ficam rodando procurando vagas. O que afeta, adicionalmente, o meio ambiente.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
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