A expectativa dos consumidores acerca dos carros autônomos enfrenta um paradoxo: quanto mais a tecnologia está perto de chegar ao mercado, menor é a disposição para confiar a condução do carro a um sistema robotizado. Esta é uma das conclusões do U.S. Tech Choice Study, feito pela J.D. Power entre janeiro e fevereiro deste ano com 8,5 mil norte-americanos que compraram carro novo de diversas marcas nos últimos cinco anos. O foco da pesquisa é entender o interesse dos consumidores por diversas tecnologias.
Segundo a consultoria, a maioria dos entrevistados se mostrou mais receosa sobre a condução autônoma do que na edição passada do levantamento. Entre a Geração Z, que engloba pessoas nascidas entre 1995 e 2004, 22% disseram que definitivamente não confiariam em um carro autoguiado – 11 pontos porcentuais a mais do que no estudo anterior. Parcela de 23% disse que provavelmente não confiariam na tecnologia. Entre os Baby Boomers, geração que vai de1946 a1964, chega a 81% o número de entrevistados com receio de usar veículos autônomos. Em 2016 este porcentual era de 77%.
“Na maioria das vezes, quando a tecnologia chega mais perto de virar realidade a aceitação e curiosidade do consumidor aumenta. Neste caso acontece justamente o contrário”, apontou em comunicado Kristin Kolodge, diretor executivo da J.D. Power. Segundo ele, o sistema é complexo demais, o que faz com que as pessoas precisem se familiarizar. A expectativa é que a condução totalmente automatizada comece a chegar ao mercado a partir de 2020. Até lá as montadoras deverão investir não só em tecnologia, mas em marketing e na divulgação da novidade, aponta a consultoria.
Kolodge cita o exemplo da Tesla. A montadora já oferece sistema semiautônomo em seus veículos e, portanto, tem clientes que se mostraram bem mais dispostos na pesquisa a usar carros totalmente autoguiados do que as pessoas que possuem modelos de outras marcas.
Outra ironia do levantamento é que, enquanto a confiança em autônomos diminuiu, o interesse em recursos de assistência à direção e prevenção de acidentes cresceu. “Quando sistemas como controle de velocidade de cruzeiro (ACC), frenagem automática e alerta de ponto-cego se tornarem mais conhecidos, os compradores de carros ganharão confiança para tirar as mãos do volante", avalia.
Segundo a J.D. Power, os recursos mais desejados pela maior parte dos consumidores que participaram da pesquisa estão relacionados à segurança. A exceção é a Geração Z, que prioriza conectividade e infoentretenimento.
Fonte: revista Automotive Business, 18/04/2017