A Cabify é uma das empresas de transporte individual que miram o mercado brasileiro. A companhia espanhola iniciou operação no País em junho de 2016, depois de firmar bases em diversos países da América Latina, como México e Chile, onde já opera desde 2012. “Crescemos, em média, 75% ao mês em receitas e número de viagens no mercado nacional”, conta Daniel Velazco-Bedoya, diretor da operação local da companhia.
Já são mais de 1,5 milhão de usuários do serviço no Brasil. O executivo aposta em integração maior entre plataformas de transportes e empresas do setor automotivo como algo natural. “Há uma sinergia enorme entre as montadoras e os serviços que oferecemos. Eles fazem os carros, nós ferramentas e plataforma de mobilidade. Para beneficiar o usuário e entregar o que ele precisa, deve acontecer uma integração muito rápida nos próximos anos”, diz.
Diferentemente da Uber – uma de suas grandes concorrentes – a Cabify não tem por enquanto nenhuma parceria com montadoras ou empresas do setor automotivo. Mas Velazco admite que há negociações em curso. “Temos conversas com grandes companhias que estudam cooperação em diversos níveis, desde o marketing até a tecnologia”, conta.
US$ 200 milhões para o Brasil
Além da Uber, a Cabify compete localmente com empresas brasileiras como 99 e Easy. Para se diferenciar, a proposta da empresa é garantir qualidade superior, com carros mais novos (ano/modelo a partir de 2012) e melhor atendimento dos motoristas. Os preços, naturalmente, também são um pouco mais altos. Ainda assim, nos meses de atuação local o serviço que começou em São Paulo (SP) já chega a uma série de outros municípios, como Rio de Janeiro, Porto Alegre e Curitiba.
O foco é seguir com essa expansão, conta Velazco. Para isso a companhia anunciou investimento de US$ 200 milhões no País. O pacote servirá para que a empresa amplie a presença nas regiões em que já atua, além de chegar a mais cidades. “Nosso desafio é crescer mantendo a qualidade”, diz. Ele lembra que o Brasil tem desafios específicos de mobilidade, com diferenças inclusive entre as cidades.
Este não vai ser o único obstáculo da companhia para crescer no País. No início de abril a Câmara dos Deputados aprovou projeto que regulamenta o serviço oferecido por aplicativos como a Cabify. A lei, no entanto, é controversa, com medidas como classificar como público o serviço que é hoje privado. “Isso nos preocupa. A medida subverte o nosso modelo de negócio”, admite Velazco. Para entrar em vigor, a legislação vai passar por votação no Senado e precisa ainda ser sancionada pela presidência.
Fonte: revista Automotive Business, 13/04/2017