Por Jorge Hori* - O motor do crescimento econômico brasileiro é o consumo das pessoas. Essa foi a base escolhida pelo Brasil para promover o desenvolvimento da sua economia.
Os investimentos sempre estiveram voltados para atender a esse consumo interno, tanto para aumentar a capacidade produtiva da sua indústria, como para a infraestrutura.
A crise econômica atual é consequência do enfraquecimento estrutural do consumo das famílias, e as tentativas desastradas e ineficazes de medidas para tentar reanimar essa demanda.
O governo Bolsonaro, através da equipe econômica, recusou-se - inicialmente - a adotar qualquer medida conjuntural para reanimar o consumo doméstico.
Acreditou que com as reformas estruturais restabeleceria a confiança na economia e os agentes econômicos voltariam a investir e a produzir mais.
Tendo recebido um pacote semipronto de concessões, deu sequência, sem grandes alternações, nos modelos, gerando uma imagem positiva.
Mas a sequência, com as alterações introduzidas pelo novo governo, não foi tão favorável.
O megaleilão do petróleo do pré-sal não foi um fracasso, mas foi frustrante. Não houve o grande interesse das empresas e dos investidores, apesar da aprovação da Reforma da Previdência e da melhoria dos "sinais vitais" da economia brasileira, até mesmo do emprego, ainda que esteja em situação grave.
O governo e a sociedade já perceberam que a privatização das estatais é necessária, mas é um processo demorado e que não depende de "vontade política". Além do mais, depende do "outro lado". Dos compradores.
Criou-se uma grande expectativa em relação aos investimentos chineses, já se percebeu que eles têm muitos recursos, estão dispostos a investir no Brasil, mas com muita parcimônia. Já tiveram alguns percalços e estão cautelosos. No pré-sal entraram, mas com participação mínima. Apenas o necessário para entrar no jogo, isto é, cacife mínimo. Na ferrovia norte-sul estudaram, estudaram e não entraram.
Com a percepção de que a salvação - a curto prazo - não está no investimento, o governo, contrariando os seus propósitos iniciais, está adotando medidas conjunturais para reanimar a economia, como o saque antecipado do FGTS.
A esperança agora é que as compras de final de ano voltem a acionar o motor da economia.
As promoções vão ampliar o consumo, mas será que ele vai se sustentar no início de 2020? Ou teremos um crescimento sazonal?
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
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