Após certo enfraquecimento em agosto, as vendas de veículos leves voltaram a crescer com mais força e setembro foi o melhor mês de 2020 até agora, muito perto de fechar com o emplacamento de 200 mil automóveis e utilitários – o que só não aconteceu por causa da falta de modelos específicos que ainda sofrem com restrição de produção abaixo da demanda, caso de alguns SUVs e da picape Fiat Strada, nova líder do mercado no mês passado.
Ao todo, foram licenciados 198.771 veículos leves, o que significa crescimento de 14,5% sobre agosto, mas queda de 11% na comparação com o mesmo mês de 2019. No acumulado de nove meses de 2020, foram quase 1,3 milhão de emplacamentos, ainda em forte retração de 33% sobre o ano anterior. Os números foram contabilizados pela Bright Consulting.
Como agosto e setembro tiveram o mesmo número de dias úteis (21), também foi idêntico o crescimento de 14,5% na média de emplacamentos diários, que subiu mais de mil unidades de um mês para outro, para 9.465 por dia útil, contra 8.264 um mês antes.
A participação das vendas diretas (faturamento das fabricantes a clientes frotistas, locadoras, taxistas ou pessoas com deficiência, PcD) no total seguiu estacionada em 44,5% dos emplacamentos, com 88.520 unidades negociadas por este canal.
Mercado a caminho de 2 milhões em 2020
Segundo Paulo Cardamone, sócio diretor Bright Consulting, os volumes registrados em setembro estão em linha com as projeções que a consultoria vem fazendo desde abril e colocam o mercado brasileiro no caminho de fechar o ano com cerca de 2 milhões de veículos leves emplacados, o que se refletirá em queda de 25% sobre 2019. O volume é bastante superior ao projetado pela Anfavea, que em maio calculava queda nas vendas de 40% este ano, para apenas 1,6 milhão de unidades. A entidade irá apresentar suas previsões revisadas para o ano na quarta-feira, 7.
Para Cardamone, dois fatores sustentam a recuperação bastante mais rápida do que a imaginada no pico da crise provocada pela pandemia de coronavírus, no fim de março e abril passados. “Apenas metade do mercado brasileiro é de pessoas físicas (pessoas que compram no varejo das concessionárias). Isso é muito pouco em relação ao tamanho do Brasil e por isso mesmo é fácil de manter esse volume, sustentado pela população de alto poder aquisitivo, que segue com padrões elevados de consumo”, explica. “E a outra metade do mercado, de vendas diretas, que todos acreditavam que ia ter um forte recuo este ano, continua do mesmo tamanho”, completa.
O consultor aponta que as vendas de veículos estão sendo sustentadas por pessoas que não perderam ou perderam pouca renda na crise. “O tíquete médio (valor médio) dos carros vendidos já aumentou 10% este ano. Os modelos mais procurados são SUVs e picapes, que não vendem mais por falta de produtos a entregar. Esta é uma tendência do mercado brasileiro que sustenta o crescimento das vendas e deverá continuar por mais anos à frente”, avalia.
Fonte: Automotive Business, 01/10/2020
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