A Prefeitura de São Paulo estuda reduzir a quantidade de vagas de carros no centro da capital, em áreas de intensa atividade comercial, para dar mais espaço à descarga de pequenos caminhões. A medida faz parte da nova política de mobilidade da gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), que dará prioridade ao transporte de cargas. Dia 27, em portaria publicada no Diário Oficial da Cidade, a Secretaria Municipal dos Transportes (SMT) autorizou a circulação de veículos urbanos de carga (VUCs) mais compridos na cidade e ampliou em até duas horas – em algumas vias – o tráfego de caminhões.
As mudanças passam a valer no dia 9. Nas pistas local e expressa da Marginal do Pinheiros, no trecho entre as Pontes do Jaguaré e Morumbi, a restrição passa a ser das 5 às 21 horas – antes, os caminhões podiam circular entre 4 e 22 horas de segunda a sexta. O mesmo vai se aplicar em toda a extensão das Avenidas dos Bandeirantes, Affonso D’Escragnolle Taunay e Jornalista Roberto Marinho.
Já na Marginal do Tietê, os caminhões ganharam uma hora, podendo trafegar a partir das 21 horas. Segundo estimativas da SMT, 160 mil caminhões circulam diariamente nas Marginais do Pinheiros e Tietê. Na capital, há 61 mil cadastrados. “O transporte de mercadoria é um serviço essencial e de utilidade pública na cidade. Esse setor estava sendo deixado de lado”, explica o secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto.
Os testes nas vagas no centro, segundo Tatto, teriam início por ruas adjacentes à Praça da República e à Rua Santa Ifigênia. Para o engenheiro e mestre em transportes Sérgio Ejzenberg, haverá prejuízo ao comércio local. “A proposta facilita carga e descarga, mas afugenta o cliente. Qual é o benefício que vem para o comércio?” Já o consultor de trânsito e também mestre em transportes Horácio Ferreira defende o projeto municipal e sugere avanços. “Cada quadra poderia ter uma baia no meio do quarteirão reservada para o VUC e sujeita a guincho. A entrega de carga urbana é igual ao transporte coletivo porque beneficia muitos ao mesmo tempo.”
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) também estuda proibir a circulação de carros no Viaduto do Chá, na região central. O projeto só permitiria o trânsito de pedestres e ciclistas, além de ônibus e táxis. Outra mudança analisada é a velocidade máxima, que pode cair de40 km/hpara30 km/h. Na última semana, a CET fez testes na região para avaliar as possibilidades.
Fonte: O Estado de S. Paulo - 28/04/2016