Os pesquisadores acompanharam 241 motoristas durante um ano. A pesquisa americana revelou também que em 93% dos casos são motoristas distraídos que se envolvem em acidentes que acertam a traseira do carro da frente.
Dirigir falando ao celular é a quarta infração mais multada no trânsito de São Paulo. Foram 253 mil autuações em 2007.
"O celular aumenta até 400% o risco de o motorista se envolver em acidente", explica o especialista em trânsito da Universidade de Brasília (UnB), David Duarte Lima.
O Fantástico mostrou que a reação de uma pessoa que escreve um torpedo ao volante é até 35% mais lenta. Para fazer o teste do celular, a reportagem convidou uma motorista com quase 30 anos de direção.
"O meu perfil de motorista? Ah, eu gosto de correr. Eu ligo o som bem alto, quanto mais alto o som, mais eu gosto de fazer curva e correr!", admite a terapeuta Viviani Farah. A reportagem levou Viviani para o autódromo de Interlagos, em São Paulo. Primeira lição: aprender a se sentar corretamente. Viviani ajeitou o banco como está acostumada. O instrutor de direção defensiva Roberto Manzini fez os acertos.
"A cabeça está longe do apoio. Em caso de choque na traseira, você teria problema na cervical. Além disso, você está com o braço muito estendido. Fica muito difícil para fazer curva, dominar o carro", adverte.
Além disso, o instrutor diz que quando o motorista posiciona as mãos corretamente tem mais agilidade. "Vai cansar menos, principalmente na região do trapézio, vai conduzir melhor e, em caso de disparar um airbag, ele vai vir em direção ao seu peito. E não nas mãos", ensina.
Viviani começou com um exercício simples. Contornar cones a uma velocidade constante, evitando aceleradas e freadas bruscas. O exercício ajuda a aprender a equilibrar o carro. "Simula uma situação na rua de você desviar de obstáculos e não frear em curva", afirma Manzini. A voluntária tirou de letra.
O segundo teste foi tentar fazer a mesma coisa falando ao celular. Viviani perdeu a trajetória, e se desconcentrou. O celular pode oferecer um risco ainda maior - as mensagens de texto.
Um motorista distraído ao escrever um torpedo não consegue manter uma distância segura em relação ao carro que vai à frente, e tem dificuldade em seguir em linha reta. E isso pode ser tão perigoso quanto dirigir embriagado.
Pessoas com até oito decigramas de álcool por litro de sangue - o limite legal na Inglaterra, equivalente a pouco mais de duas latinhas de cerveja - apresentaram um desempenho melhor.
A reportagem do Fantástico também fez o teste do torpedo com outra motorista experiente. A professora de economia Enivalda Pina tentou contornar os cones. E, no meio do caminho, tinha de responder uma mensagem de texto enquanto dirigia.
Resultado: Eni atropelou cinco cones. "Não dá. Eu perco completamente a minha concentração, visão. A sua inteligência espacial vai para o espaço", admite Eni.
Erros que poderiam ser evitados. Que tal gravar uma mensagem na sua secretária eletrônica que diz assim: "Estou dirigindo, ligue mais tarde que eu estou ocupado, concentrado, e não posso vacilar no trânsito", sugere a reportagem.
Fonte: programa Fantástico (Rede Globo), 19 de outubro de 2008