
O que consta do manual, no entanto, não corresponde ao exigido na Copa da Alemanha em 2006. Nesse, em Berlim, foi estabelecido um círculo da ordem de 2 km, dentro do qual foi proibido o ingresso de carros, com o acesso ao estádio a pé.
Em função do manual, o São Paulo FC quer construir um estacionamento em frente ao estádio, para 4 mil vagas, enquanto o Internacional, em Porto Alegre, prevê um bolsão, na divisa do qual foram previstos diversos estacionamentos.
Agora, em novembro, São Paulo receberá a última corrida da Fórmula Um e, mais uma vez, deverá ser colocado em prática o modelo bem sucedido de organização dos bolsões. Para a qual deveriam ser convidadas as autoridades da FIFA, da CBF e do Comitê Organizador da Copa 2014, em São Paulo, para um convencimento definitivo de que a solução para os estacionamentos é o bolsão. Eliminando a idéia da construção de um estacionamento em frente ao Estádio do Morumbi, ocupando via pública.
Os mentores do Morumbi estão tratando o estacionamento como se fosse um adendo privado do estádio, o que não é. A área que se pretende ocupar é pública, um bem de "uso comum do povo", não podendo ser objeto de cessão, mas de concessão de uso.
De toda forma, depende de lei específica. E depois, de licitação para a concessão.
O fato de haver interessados em empreender o estacionamento não significa que esteja assegurado, pois não haverá investimentos prévios significativos, sem que a concessão esteja assegurada.
É natural que o principal interessado seja o Grupo Camargo Correa, pois esse é o principal acionista da Via Quatro, uma subsidiária da CCR, que venceu a licitação para a operação da Linha 4 - Vila Sônia/Luz.
Por isso mesmo, o natural é que a garagem seja implantada junto à estação Vila Sônia, como um grande estacionamento de transferência, no modelo "park and ride". Isso poderá dar sustentabilidade ao empreendimento.
Será necessário, adicionalmente, estabelecer um sistema viário que facilite o acesso dos automóveis oriundos do "Morumbi expandido" à estação Vila Sônia. O que terá que vencer acidentes topográficos, além de desapropriações, em função da densa ocupação da área.
O importante é uma decisão, o quanto antes, do modelo a ser adotado.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica do Sindepark. Com mais de 40 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.