Por Jorge Hori*- A crise do coronavírus está mudando diversos comportamentos pessoais e muitos apostam que algumas mudanças vão permanecer após a crise. Uma delas seria a redução da mobilidade nas grandes cidades.
Deverá haver sim uma redução, em função da ampliação do "home office", das videoconferências e maior aproximação dos locais de residência e de trabalho, das pessoas de renda mais alta que têm opções amplas de escolha desses locais. O mercado imobiliário, acompanhando essa tendência, tem oferecido opções como edifícios de uso misto, ampliando para condomínios residência-escritórios-serviços e até bairros completos de multiuso.
Haverá, sim, uma redução de movimentação das pessoas dentro das grandes cidades, melhorando a mobilidade geral.
Mas haverá também uma reversão, a curto prazo, na tendência recente de ampliação do uso de carro de terceiros, chamados por celular, mediante aplicativos.
Emergiu, recentemente, uma visão de que a melhor cidade para se viver era a comunitária, com maior relacionamento presencial entre as pessoas, contrária à tendência do mercado de isolamento, de formação de guetos, como os condomínios fechados.
O novo coronavírus estourou, explodiu essa visão, mandando todo mundo ficar em casa, não sair, evitar aglomerações, de até duas pessoas.
As pessoas que têm carro e condições econômicas de usá-lo vão preferir voltar a dirigir sozinhas, para não se arriscarem. Mais ainda se tiverem mais de 60 anos, ou forem portadores de deficiências cardíacas, diabetes, asma e outras diretamente relacionadas com o bom funcionamento dos pulmões.
Nesse sentido o uso de carro de terceiros envolve risco, pois a menos que o motorista seja portador de uma carteira ou certidão de imunidade (o que ainda não existe, mas vai ser instituída, em algum momento futuro), o passageiro não sabe se está entrando num automóvel dirigido por um contaminado, mesmo que não apresente qualquer sintoma. Ainda que fique no banco de trás do lado do "carona", não está a mais de 2 metros do motorista, a não ser que seja uma limousine. Se ligar o ar condicionado, pior ainda.
O motorista não pode garantir que o passageiro anterior estava ou não contaminado. Ele teria pedido a carteira de imune?
"Seguro morreu de velho." É bom não se arriscar. Sair dirigindo o seu carro próprio, devidamente limpo e desinfetado, é mais seguro. Se for deixar num estacionamento não pode ser em qualquer um. O mais seguro é aquele em que ele não sai do carro, fazendo todas as operações automatizadas, desde a entrada até a manobra na vaga e ainda na saída. Se for entregar a um manobrista, quer que ele esteja de máscara e, ao entregar o carro de volta, passe o álcool gel.
Será mais um retorno ao "velho normal" do que ao "novo normal".
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
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