Por Jorge Hori* - O Governo do Estado de São Paulo iniciou uma flexibilização parcial e diferenciada dentro do Estado, com o Município de São Paulo dentro do segundo nível de exigências - o laranja, deixando os demais na Região Metropolitana no nível vermelho.
Significaria a reabertura da economia de forma sustentável que voltaria à normalidade lenta, gradual, mas segura, sem retrocessos?
Os indícios não indicam essa trajetória.
A flexibilização estaria sendo estabelecida pela inviabilidade de manter os níveis de isolamento, que tendem a aumentar, mesmo com as medidas paliativas, como a Prefeitura de São Paulo tentou várias vezes.
Especialistas em psicologia social e palpiteiros já haviam indicado que as pessoas não aguentam por muito tempo a privação da liberdade. Quando voluntários por orientação pública, aceitam até um certo momento. A partir daí o desejo de liberdade, de retorno à sua vida, considerada normal, faz com que essas pessoas deixem o isolamento. O receio das consequências pessoais e sociais vão sendo minimizadas, racionalizadas e justificadas.
Vários prefeitos do Interior vêm alertando para o risco de um surto de desobediência civil.
Dada a incapacidade de controle, a estratégia - nem sempre explicitada - é de correr o risco, aceitar o aumento de contaminação e mesmo de mortes, mas dentro da capacidade de atendimento pelo sistema de saúde, tanto pública como privada, ainda que com alguns colapsos pontuais.
Caso ocorra uma exacerbada expansão dos óbitos, voltará a predominar uma cultura de medo, o temor pela morte, sem atendimento, o que fará com que a maioria da população aceite restrições mais amplas, o chamado "lockdown".
Na realidade, a abertura planejada pelo Governo do Estado é um teste em escala "um por um", isto é, com avaliação de reações efetivas da população, não por suposições ou por amostragem.
Consequentemente, os cenários mais prováveis são de intermitência, com aberturas e fechamentos que ocorrerão várias vezes, até que uma vacina eficaz esteja disponível.
Para as empresas a perspectiva para sobrevivência e eventual crescimento é se ajustar a essa nova realidade. A persistência numa perspectiva de continuidade levará a empresa à paralisia ou ao risco de grandes prejuízos.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.