Puxada pela alta nos preços dos medicamentos, a inflação oficial registrou alta de 0,31% em abril. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) perdeu ritmo em relação a março, quando o aumento havia sido de 0,93%, divulgou nesta terça-feira (11) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Embora tenha registrado desaceleração, nos últimos 12 meses o acumulado chegou a 6,76%, ficando, portanto, acima do centro da meta do governo para 2021, que é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais (5,25%) ou para menos (2,25%).
Nos primeiros quatro meses deste ano, o índice acumula alta de 2,37%. Em abril de 2020, a variação havia sido de -0,31%.
Dentro os principais vilões, conforme o IBGE, o rejuste nos valores dos produtos farmacêuticos contribuíram em quase 1% (0,09 p.p.) no índice geral.
No dia 1º de abril, foi autorizado o reajuste de até 10,08% no preço dos medicamentos, dependendo da classe terapêutica. A maior variação no item veio dos remédios anti-infecciosos e antibióticos (5,20%).
"No dia 1º de abril, foi concedido o reajuste de até 10,08% no preço dos medicamentos, dependendo da classe terapêutica. Normalmente esse reajuste é dado no mês de abril, então já era esperado", explica o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
As recentes altas da inflação e as expectativas acima da meta governamental já fizeram o BC (Banco Central) revisar as previsões para a inflação de 2021 e resultaram em dois aumentos da taxa básica de juros, a Selic, desde 2015. A última se deu em 5 de maio, quando o indicador subiu para 3,5% ao ano.
A boa notícia para o mês de abril veio do grupo dos transportes, que variou -0,08%, influenciado, principalmente, pela queda nos preços dos combustíveis. Após 10 meses consecutivos de alta, a gasolina recuou 0,44% em abril. Mas a queda mais intensa no grupo veio do etanol (-4,93%). “Houve uma sequência de reajustes entre fevereiro e março na gasolina. Mas no fim de março houve duas reduções no preço desse produto nas refinarias. Isso acaba chegando ao consumidor final”, diz o pesquisador.
Dos nove grupos pesquisados, oito apresentaram alta e a maior pressão veio de Saúde e cuidados pessoais, onde o item medicamentos está incluído.
A segunda maior contribuição (0,09 p.p.) veio de Alimentação e bebidas (0,40%), acelerando em relação ao mês anterior (0,13%).
Conforme o IBGE, a maior contribuição (0,03 p.p.) veio das carnes (1,01%), que acumulam elevação de 35,03% nos últimos 12 meses. Na sequência, vêm o leite longa vida (2,40%), o frango em pedaços (1,95%) e o tomate (5,46%). No lado das quedas, as frutas (-5,21%) foram o principal destaque, contribuindo com -0,05 p.p. no índice do mês.
O grupo Habitação seguiu movimento inverso, passando de 0,81% em março para 0,22% em abril.
Os demais grupos ficaram entre o 0,01% de Despesas pessoais e o 0,57% de Artigos de residência.
Fonte: R7, 11/05/2021