A placa Mercosul, já disponível em sete Estados e utilizada em mais de 2 milhões de veículos, traz novos elementos de segurança contra clonagens, em especial o código bidimensional QR Code - que permite rastrear sua fabricação e acessar informações do veículo. Porém, nem por isso o novo padrão veicular está imune a falsificações e clonagens.
UOL Carros localizou num site de classificados dois anúncios de versões "ilustrativas" da placa, que poderiam ser usadas para fins criminosos. Ambos foram retirados do ar após a empresa ser comunicada pela reportagem.
Um desses anúncios oferecia reprodução muito parecida com a original, a julgar pelas imagens ilustrativas, por R$ 69,99. De acordo com o anunciante, esse valor era referente à cópia feita em PVC. No entanto, por R$ 59,99 adicionais, os compradores levavam a versão feita de alumínio, como a placa legítima. Os interessados, informava o vendedor, podiam escolher os caracteres a ser inseridos.
Chama a atenção a semelhança com o modelo verdadeiro. A cópia trazia, de acordo com o anúncio, reprodução do QR Code, o tal código de segurança, e até adesivo "brilhoso de alta resistência" sobre os caracteres.
O mesmo anúncio informava que havia 493 unidades disponíveis. Oito delas já haviam sido comercializadas antes de a página sair do ar. Na seção de perguntas ao vendedor, um suposto interessado questionou: "Será que tem algum problema se a polícia parar?". Outro quis saber: "Você consegue original ou bem parecida com original?”
Vale deixar claro que a reprodução trazia a bandeira do Estado e o brasão do município de registro, elementos que não são mais utilizados na placa Mercosul de verdade, e também não trazia a película refletiva aplicada sobre os caracteres, além de outros elementos para prevenção a falsificações utilizados na placa "quente".
Ainda assim, nada impediria que a cópia fosse instalada no carro de alguém mal-intencionado, com os números de identificação de outro automóvel, que eventualmente "herdaria" multas registradas em radares com leitor de placas. Como a nova placa não tem lacre, teoricamente bastaria parafusar a versão falsa.
De acordo com Gabriel Emerick, coordenador geral de Renavam do Detran-RJ (Departamento Estadual de Trânsito do Rio de Janeiro), réplicas podem, de fato, "enganar" a fiscalização eletrônica, feita a distância. Contudo, afirma, não passariam pelo crivo de um fiscal de trânsito no caso de uma abordagem presencial.
Fonte: UOL, em São Paulo (SP), 07/08/2019