A Zona Azul entrou em operação na cidade no ano de 1975 com 5.000 vagas de rua. Passadas mais de quatro décadas, a capital assistiu à multiplicação gradual desses espaços. Se em 2014, ano em que o preço da folhinha saltou de 3 para 5 reais, eram 36.711 posições, hoje são 39.111. O método de controle foi feito exclusivamente por guias de papel até o início de julho, quando a prefeitura implantou a cobrança por aplicativos de celular e tablet.
A vantagem para o consumidor é não precisar ir à caça dos talões - e, melhor ainda, não se submeter às variações de preço impostas pelos cambistas. O processo é simples e rápido. Depois de baixar a ferramenta e cadastrar os dados pessoais e a placa do veículo, o usuário efetua a compra de créditos.
Quando se gasta um deles na rua, um comprovante no próprio app mostra o horário e o local de uso do serviço. Estão disponíveis os aplicativos da rede de estacionamentos Estapar (Vaga Inteligente) e das empresas de tecnologia Sentei (Estacionamento Eletrônico) e Areatec (DigiPare). Elas faturam comissão de l0% do total pago pelos motoristas, o mesmo valor embolsado por bancas de jornal e demais estabelecimentos que comercializam os papéis do antigo sistema.
A navegabilidade das três opções atuais é igualmente simples, mas o programa da Estapar tem o diferencial de integrar facilidades dos estacionamentos da rede, como a reserva de vaga. A adesão inicial mostra que as pessoas se entusiasmaram por deixar os talões para trás.
VEJA SÃO PAULO percorreu dezesseis pontos de comercialização da folha nas cinco regiões da cidade e constatou queda nas vendas. "Caiu quase 50%", queixa-se Sávio Limberg, dono de um bar na Mooca. Em contrapartida, até terça (19), 52.611 cartões digitais haviam sido arrematados, movimentando cerca de 54.000 reais por dia. Isso representa 43% da média diária de venda dos talões, se considerados os dados de junho. "Esperamos que, dentro de um ano, 50% das transações sejam feitas via aplicativo, trazendo-nos um faturamento de ao menos 20 mi1hões de reais no período", projeta André Iase, CEO da Estapar.
O êxito da ferramenta digital pode representar um salto de civilidade para o trânsito. Ao coibir o universo de jeitinhos que cerca o sistema a CET estima que o total de fraudes com reaproveitamento de talões e folhas falsas tenha atingido 58 milhões de reais em 2015. Isso fora o ágio cobrado por alguns, que é ilegal.
Fonte: Revista Veja São Paulo - 27/07/2016