A expectativa para o ano que vem é de que a expansão nas vendas internas de veículos fique mais próxima da variação do Produto Interno Bruto (PIB), estimada pela entidade em 4,5%. "Não devemos crescer mais de um dígito", afirmou Cledorvino Belini, presidente da associação, durante congresso promovido na capital paulista pela agência AutoData. Para 2010, a estimativa da Anfavea segue em 3,4 milhões de veículos, número que, se confirmado, corresponderá a um incremento de 8,2% sobre 2009 e, possivelmente, garantirá ao Brasil a posição de quarto maior mercado de veículos do mundo, superando a Alemanha.
Nas contas da Anfavea - baseadas em previsões divulgadas no país europeu -, o Brasil deverá superar o mercado automobilístico alemão em 200 mil unidades neste ano. Até setembro, a vantagem brasileira era de 134,5 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. À frente do consumo brasileiro, estão apenas China, Estados Unidos e Japão, nesta ordem.
Belini tem procurado não traçar números de vendas para os próximos anos, mas enfatizou hoje que a marca de 5 milhões de veículos deve ser uma meta a ser alcançada nos próximos cinco anos. Como desafios a esse objetivo, o executivo citou a necessidade de melhorias em pontos como gargalos em infraestrutura, custo do capital, exportação de tributos e preço de produtos siderúrgicos, considerado elevado pelas montadoras.
Na esteira da valorização do real - um tema de grande preocupação do setor industrial -, o presidente da Anfavea apontou que as medidas de apoio à competitividade devem ser uma "agenda importantíssima" para o próximo governo.
Em sua palestra no evento, Belini afirmou que os mercados em que o Brasil tem acordos comerciais (Mercosul e México) ainda respondem pela maior parte das importações do país, somando 65% do total. No entanto, as compras de países asiáticos avançam com velocidade. Desde 2006, as compras de veículos da China e da Coreia do Sul cresceram 1.280%, informou.
Apesar das preocupações quanto à maior penetração de carros importados no mercado brasileiro e uma realidade menos favorável na demanda externa após a crise financeira, profissionais ligados ao segmento automobilístico estão trabalhando com números otimistas para o próximo ano, conforme indicou uma pesquisa interativa realizada pela AutoData com os participantes do congresso. Para a maioria, o Brasil deverá fechar 2011 com um mercado ao redor de 3,66 milhões a 3,79 milhões de veículos, superando entre 7,9% e 11,4% a estimativa oficial deste ano (3,4 milhões de unidades).
Na avaliação de 57% dos participantes, a produção brasileira de veículos alcançará entre 3,7 milhões e 3,8 milhões de unidades no ano que vem. Cabe lembrar que, oficialmente, a Anfavea revisou neste mês a expectativa para a produção de veículos em 2010 para 3,6 milhões de unidades.
Fonte: Valor Online, 18 de outubro de 2010