Por Jorge Hori* - O PSDB tem assumido várias vezes a Prefeitura de São Paulo, a maior cidade brasileira, mas de forma alternada, disputando o comando com Maluf ou com o PT, porém com uma vantagem: todos os seus prefeitos - próprios ou associados - foram reeleitos, cumprindo dois mandatos, enquanto os adversários não conseguiram a reeleição, desde que instituída, sempre pelo candidato do PSDB.
Isso levaria à suposição de que o paulistano se cansa de um segundo mandado tucano e prefere a renovação à continuidade. Mas, decepcionado com essa renovação, volta ao conhecido, ao PSDB.
Se a história se repetir, Bruno Covas fará um governo medíocre, mais do mesmo, sem conseguir resolver os maiores problemas da cidade e com o risco de um esvaziamento econômico da cidade.
Conjunturalmente, o maior problema é o combate ao coronavírus, tanto preventivamente, como pelo atendimento aos doentes.
A curto prazo, o desafio maior é evitar as aglomerações em bares, festas e outros eventos clandestinos, com a aglomeração dos negacionistas, sem o devido uso das máscaras.
Os negacionistas são de diversas naturezas: os principais são os crentes que, íntima e radicalmente, não acreditam na doença e na sua amplitude. Têm um líder autêntico, o presidente Bolsonaro. Acham que é uma doença comum, amplificada pelo alarmismo da Rede Globo, por interesses econômicos e por governadores e prefeitos, por interesse político. Não querem ser vacinados, mas poderão ceder para não ficarem marginalizados no seu meio social.
Querem maior liberdade individual e vão continuar frequentando os bares e festas, promovendo aglomerações, só deixando de fazê-lo por força policial ou falta de recursos financeiros.
Um segundo grupo preza mais a liberdade individual e usa o negacionismo para minimizar - para si - os riscos: "Esse troço não vai me pegar. Sou forte e só pega os fracos".
O problema sanitário está nos incautos, que são contaminados, não apresentam sintomas, mas levam o vírus para casa, contaminando familiares, entre eles aqueles integrantes das áreas de risco, por idade ou portadores de morbidades.
Os negacionistas são, na quase totalidade, jovens, com alguns de maior idade, mas ainda fora da área de risco, que só começarão a ser vacinados em massa a partir do segundo semestre de 2021, mantendo ainda, no ano, elevados índices de contaminação e mortes.
As contaminações em São Paulo serão mais noturnas, os impactos, diurnos.
A recuperação econômica plena continuará adiada.
A atuação da Prefeitura, para acelerar essa recuperação geral, é evitar as aglomerações, mediante a fiscalização sanitária. Mas essa, sem o apoio da Polícia Militar, não é eficaz.
A questão política é se o prefeito estará disposto a uma ação repressiva mais ampla, o que irá se refletir na sua popularidade, positiva ou negativa.
No segundo mandato, a popularidade tende a ser mais baixa, como referido acima. Em geral, político do PSDB não é destemido.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
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