Por Jorge Hori* - A maioria dos empresários paulistas só aderiu à campanha presidencial de Jair Bolsonaro, em 2018, no seu final quando percebeu que seria o melhor posicionado para derrotar o PT.
Obrigados a aceitar, durante 13 anos, o PT, por estar no Governo, do qual sempre dependeram para terem benefícios, quando perceberam que aquele poderia perder - de vez - o poder federal, deixaram aflorar todo o ressentimento. Sentiam-se oprimidos e chantageados.
Jair Bolsonaro emergiu como a grande esperança de mudança, de um Brasil, sem comando do PT, ainda que não na sua totalidade territorial.
Mas isso pouco importava. Para o paulista, Brasil é São Paulo.
O primeiro ano do Governo Bolsonaro, na economia, foi bem, mas abaixo das expectativas. Uma melhora dos indicadores macroeconômicos até outubro, divulgados ainda no final do ano, geraram uma expectativa otimista, com alguns apressadinhos prevendo aumento até de 3%, ou acima, do PIB em 2020.
Os macrodados de novembro vieram como uma "ducha de água fria", com a produção industrial de novembro caindo, acompanhada por uma queda, ainda que pequena, nos serviços. O comércio cresceu, mas abaixo das expectativas criadas pelas vendas do "black friday".
E essa fraqueza deverá se repetir em dezembro, em que pesem os indicadores de crescimento de dois dígitos, nos shopping centers.
A explicação é simples: a animação do varejo nos grandes centros de compra não chegou ao varejo disseminado pelos bairros das grandes cidades e pelas cidades menores.
Como as apurações do IBGE são mais amplas, abrangendo esse comércio local, mostra que a animação não chegou aos polos com menos emprego e menos renda.
A animação da classe média consumista não foi suficiente para compensar a continuidade da contenção de compras dos de menor renda.
Os dados do CAGED deverão demonstrar uma queda no saldo líquido dos empregos formais, em dezembro, como ocorre todos os anos. Na PNAD, poderá ser atenuada pelo aumento do trabalho por conta própria.
O começo do ano será de ressaca da classe média, reduzindo as compras no varejo, exceto de materiais escolares. Os indicadores poderão levar a um desânimo dos empresários, já enfrentando a falta de pedidos.
Com expectativas menos favoráveis e interferências desastradas de Jair Bolsonaro na economia, os empresários paulistas manterão o seu apoio e suas esperanças?
Uma das respostas usuais é: temos que manter as esperanças e rezar para dar certo. Vamos manter o apoio, senão o PT volta e aí seria "o fim do mundo".
Seria a única resposta? Até quando?
A mais recente pesquisa da XP mostra que a expectativa positiva para o restante do mandato de Bolsonaro caiu de 63% em janeiro de 2019, para 40%. Embora não compreenda apenas os empresários, tem forte influência sobre o ânimo desses.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
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