Com a alta nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, foi lançado o Monitor dos Preços dos Combustíveis pelo Observatório Social da Petrobrás (OSP). A ferramenta vai registrar os preços médios cobrados ppr gás de cozinha (GLP), gasolina comum, diesel S-10, gás natural veicular (GNV) e etanol no país. Com atualizações semanais, o monitor possibilitará o acompanhamento dos reajustes de preços e da evolução da cobrança, desde julho de 2001. A ferramenta também fará uma comparação os gastos com os combustíveis em relação ao crescimento do salário mínimo nacional.
Além disso, o sistema permitirá ainda que os consumidores saibam quanto estão custando, em média, os combustíveis em cada estado brasileiro. Segundo os dados, a média nacional da gasolina no mês de setembro foi de R$ 6,092, embora em alguns estados já chegue a custar R$ 7, o litro.
A ferramenta do OSP utiliza informações disponíveis na base de dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Os dados são transformados em valores reais corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
A plataforma de monitoramento dos preços, que pode ser acessada pelo site do Observatório, mostra que há 16 meses seguidos é registrado aumento do preço médio nacional do GLP, o gás de cozinha. Já o GNV sofre reajuste contínuo há 11 meses, e a gasolina sobe há pelo cinco meses. O primeiro gráfico do monitor traz os preços médios mensais dos combustíveis em termos nominais. O início da série é julho de 2001, quando a ANP começou a contabilizar os valores.
A ferramenta foi elaborada pelo economista Eric Gil Dantas, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), como um modelo para simplificar a visualização da escalada dos preços dos combustíveis em um contexto de alta inflação:
— Desenvolvemos um monitor para melhorar a visualização do problema dos preços, adicionando duas contas: a inflação e o salário mínimo. E percebemos que de todos os combustíveis pesquisados somente a gasolina não chegou ao maior nível da série histórica — explica o economista.
Combustível X Salário mínimo
O monitor mostra ainda quanto representa cada um desses combustíveis em relação ao salário mínimo brasileiro de cada ano. Para isso, a ferrementa divide o valor nominal de cada unidade (litro, botijão de 13kg ou metro cúbico) em relação ao salário mínimo em vigor naquele ano.
Segundo os dados, houve uma tendência de queda da proporção de combustível em relação ao piso nacional ao longo da maior parte do século XXI, interrompido entre os anos de 2015 e 2017, quando a política de preços da Petrobras mudou, e os ganhos reais do salário mínimo caíram. O preço de um botijão de 13kg de GLP chegou a significar 5,7% do valor do piso nacional em janeiro de 2015. Hoje, equivale a 8,5%.
O economista Eric Gil Dantas ressalta que não faz sentido atribuir o aumento dos combustíveis à cobrança de ICMS nos estados, como o governo vem argumentando.
— Precisamos avançar no debate de forma mais objetiva. Os impostos são constantes e desde 2014, com pequenas variações nos tributos estaduais, não houve alteração nas alíquotas. Os impostos federais são valores absolutos. Além disso, na compração internacional, com países que fazem parte da ODCE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o Brasil está entre os países que menos cobra impostos para derivados do petróleo. Agora, com a alta do dólar, que chegou hoje a R$ 5,50, e aumento do valor do barril tipo brent, os combustíveis devem aumentar ainda mais — ressalta Eric, acrescentando que a Petrobras não deveria perseguir a paridade de preços internacionais.
Fonte: Extra, 06/10/2021