Parking News

Por Jorge Hori*

A frota de veículos continua crescendo com o maior acesso da população de menor renda ao seu carro próprio. O que inibe o seu uso é a dificuldade de estacionamento ou o seu custo. Os de média renda, por pragmatismo e avaliação econômica, preferem deixar o carro em casa e usar o metrô, ou ir de carro até a estação do metrô e seguir por esse modo. O que explica o aumento da intermodalidade, com uso do metrô. A contraposição transporte coletivo x individual é equivocada e emocional. A tendência é a integração intermodal associando o individual com o coletivo.
A pesquisa de mobilidade 2012, um levantamento Origem-Destino simplificado que é realizado no meio do intervalo entre as pesquisas decenais de OD, confirma algumas tendências já apontadas aqui e traz novidades, como o pico do meio-dia.
Dois dados são de importância para o setor de estacionamentos, pois o afetam diretamente. O primeiro é a inversão de tendências por classe de renda: enquanto a população de menor renda aumenta o uso do transporte individual, saindo do coletivo, a de maior renda faz o caminho inverso, passando a usar mais o metrô.
As explicações são simples e pouco têm a ver com maior ou menor conscientização da sociedade. As mudanças de comportamento decorrem do pragmatismo. Os de menor renda têm como principal objeto de desejo o carro próprio, mais que a casa própria. E o Governo Federal busca atendê-los com uma ação não apelidada mercadologicamente, mas que poderia se chamar "Meu carro, minha vida". Ainda que uma grande parte da frota fique em casa, muitos preferem usar o carro, principalmente aqueles que não contam com uma linha metroviária no seu percurso, tendo como opção apenas ônibus lotados. Os que estão usando o carro, provavelmente se destinam a subcentros periféricos ou locais sem grandes concentrações de trabalho que lhes permite estacionar o carro em via pública, próximo ao destino, sem custos.
Já para os de maior renda, o custo do estacionamento pesa na decisão e os que se destinam a polos de maior movimento, mas servidos pelo metrô, têm optado por esse meio. Ademais, a inauguração de mais uma linha que atende a esses polos (Faria Lima, Paulista e República) favorece a substituição.
Um dado significativo, porém carecedor de desdobramentos, é a preferência pela integração intermodal, com uso do metrô. Uma parte dessa intermodalidade é entre o carro e o metrô, envolvendo estacionamentos do tipo "park and ride".
A tendência, que poderá ser confirmada pela OD de 2017, é de maior uso do metrô, porém, integrado com outros modos, principalmente com o carro. A alternativa será o acesso às estações de bicicleta ou motocicleta, o que dependerá da instalação de bicicletários ou motocicletários. Mas a alternativa mais habitual será o estacionamento para carros, próximo às estações.


* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.

Categoria: Fique por Dentro


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