Com 37 mortos, este foi o mais violento carnaval desde 2010, quando o número chegou a 41. Em relação ao ano passado, quando os mortos foram 27, o aumento foi de 37%, como mostra reportagem do Estado. Outros dados confirmam a piora da situação. O total de acidentes pulou de 864 em 2013 para 965 este ano (aumento de 11,7%). O número de pessoas feridas em colisões, quedas e atropelamentos chegou a 550, em comparação com 445 em 2013 (crescimento de 23,6%).
Um especialista na matéria - Dirceu Rodrigues Alves Jr., diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego -, toca em dois pontos fundamentais, lembrando verdades elementares, que as autoridades preferem não encarar. Primeiro, "não há dúvida de que a falta de fiscalização está ligada ao aumento do número de acidentes". Não custa repetir mais uma vez: o que nos falta não são leis - a Lei Seca está aí -, mas a determinação de aplicá-las, punindo os infratores. Sem isso, elas viram letra morta.
O segundo ponto refere-se ao esforço para educar o motorista, porque só punir não basta. Se bastasse, o número de acidentes na capital paulista - onde as multas de trânsito crescem vertiginosamente, ano a ano - não continuaria tão elevado. As campanhas de esclarecimento feitas pelos governos, em seus vários níveis, são esporádicas, por isso não produzem efeito. Além disso, como diz Dirceu Rodrigues Alves Jr., a educação de trânsito deve começar desde a infância, nas escolas.
Essa não é uma tarefa fácil. É demorada e exige determinação. Mas é um esforço que tem de ser feito a qualquer custo, porque o País não pode mais conviver com a tragédia do trânsito, que deixa todos os anos 43 mil mortos e 180 mil feridos hospitalizados.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 8 de março de 2014