Parking News

Por Jorge Hori*


As autoridades paulistanas estão convencidas de que reduzindo as vagas para carros provocarão uma redução no uso do automóvel, aliviando os congestionamentos e transferindo a locomoção das pessoas para o transporte coletivo.
O primeiro impacto sobre o comportamento das pessoas é se, em função das restrições de vagas, elas deixarão de adquirir um carro ou continuarão comprando e buscando uma solução para o seu estacionamento.
Os adquirentes dos carros são, basicamente, de três categorias: os que já têm carro e o estão trocando por outro mais novo ou de melhor categoria, não implicando aumento da sua frota. No entanto, o seu seminovo vendido pode ser comprado por alguém que está adquirindo o primeiro carro, provocando o aumento da frota global. O aumento da frota não está no aumento da venda de carros zero, mas na transferência dos seminovos ou semivelhos para quem ainda não tinha carro ou está aumentando a sua frota pessoal ou familiar. Isto envolve a terceira categoria, que são os não adquirentes, embora com condições econômicas para tal, e optam por não ter um veículo. São os "sem carro por opção". São, principalmente, jovens de classe média, que ao chegar à idade adulta, ou ao ingressar na universidade, requeriam o seu carro próprio. Atualmente, é crescente o número de jovens que dispensam o carro e preferem permanecer utilizando o transporte coletivo ao qual são destinados na adolescência. Em São Paulo, a Universidade Estadual está em campi não tão próximos da rede metroferroviária. Tanto o acesso ao do Butantã como ao da Zona Leste dependem dos ônibus como transporte coletivo. Uma grande parte dos que têm recursos ainda opta pelo carro. Já as demais faculdades estão dentro do miolo da cidade, muitas próximas de linhas metroviárias, e com a previsão de construção de uma linha que interligará diversas delas.
Alguns dos jovens formados buscam moradia ou trabalho próximos à rede de transportes coletivos, principalmente do metrô, contendo o crescimento da circulação de carros na cidade.
É um pequeno grupo, mas que tem grande visibilidade por se opor ao pensamento hegemônico de ter o seu veículo e preferir a bicicleta ou o transporte coletivo, o que recebe tratamento privilegiado pela mídia. Uma parte quer ter o seu carro, embora não o utilize para o trajeto casa-trabalho. Então, precisa de vaga para deixá-lo estacionado. Qual será o seu comportamento, caso o imóvel que busca não disponha de vaga? Deixará de ter o carro ou buscará outro imóvel que disponha de vaga? Provavelmente, uma parte menor fará a primeira opção, a parte maior fará a segunda. As autoridades apostam no contrário.
A posse do carro continua sendo um grande objeto de desejo, para ter maior liberdade de viver na cidade e também para poder fugir dela. A dispensa do seu uso no trajeto casa-trabalho não quer dizer dispensa da posse de um. As vagas de estacionamento continuam sendo importantes. Não é a primeira necessidade, mas decorrente da primeira. A inexistência da vaga privada não inibe a posse do carro, mas leva a uma demanda maior pela vaga em via pública. O que resulta em morar fora das áreas mais densas, como deseja a proposta pública.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.

Categoria: Fique por Dentro


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