Por Jorge Hori*
Por volta dos anos 50 ariqueza paulistana começou a migrar para o outro lado do rio (o Pinheiros), repetindo o mesmo modelo de ocupação no aquém-rio: áreas exclusivamente residenciais, em casas ou mansões unifamiliares e com muita área verde. Com uma diferença em relação aos Jardins. A nova área que veio a ser conhecida como Morumbi, embora essa seja apenas um dos loteamentos do bairro, se localiza sobre morros, com seus aclives e declives. Ao contrário dos Jardins, uma área plana de várzea.
A ocupação se fez em torno de uma via de ligação do aquém-rio, na ponte Cidade Jardim, com uma grande volta, pelos morros, chegando novamente ao rio na altura da Ponte do Morumbi. Essa via começa com a denominação de Avenida dos Tajurás, segue como Oscar Americano, até encontrar a Avenida Morumbi, e segue com essa denominação até chegar novamente ao rio. Passa a ser a Av. Roque Petroni Jr., depois Prof. Vicente Rao, e outras mudanças de denominação até alcançar o município vizinho de Diadema, como Avenida Cupecê. Ingressa no ABCD chegando aos Santos André, Bernardo e Caetano.
É uma grande via estrutural de caráter metropolitano.
Com o aumento do trânsito, os moradores lindeiros à via foram abandonando as suas casas, com a substituição do seu uso por atividades não residenciais.
A nova lei de zoneamento institucionaliza a transformação dessa via num imenso corredor comercial, com o uso dos imóveis por diversas atividades não residenciais, inclusive estacionamentos, com capacidade de até 400 veículos.
A ocupação básica pode chegar a10 metros, o que significa entre quatro e cinco andares de construção. Considerando as áreas não computáveis poderá haver uma expansão da ordem de 50%.
Uma parte dessa transformação já ocorreu com a característica de corredor, dentro da legislação anterior, permitindo o uso não residencial, mantendo, no entanto, a ocupação horizontal. Agora será permitida a ocupação vertical, embora com altura controlada.
O trânsito aumentará substancialmente, com o espaço viário sem capacidade de atendê-lo.
Haverá um aumento da oferta de vagas de estacionamento e oportunidades para os operadores. A dúvida é: quando isso ocorrerá?
Em quanto tempo ocorrerá a transformação? O Plano Diretor vale por 15 anos, dos quais já transcorreram dois. O que será o Morumbi em 2030?
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.