Parking News

Jorge Hori *

O ônibus fretado é uma das poucas alternativas de qualidade para a substituição do carro como movimentação de pessoas que dispõem desse veículo.
As pessoas que usam o carro buscam o trajeto porta a porta, com comodidade e segurança. Fora o táxi, o ônibus fretado é o que mais se aproxima dessa condição. A um custo mais baixo. 
O ônibus fretado passou a ser uma alternativa para as pessoas poderem trabalhar em São Paulo, onde há maiores oportunidades, e morar no Interior.
A qualidade, a par da falta de regulação, fez com que os serviços aumentassem fortemente, gerando problemas no trânsito, os quais são ampliados pelo tamanho dos ônibus e sua concentração em alguns locais e horários.
Por causa dessas perturbações, a Prefeitura Municipal de São Paulo estabeleceu restrições à circulação e parada desses ônibus, em função da perspectiva "impressionista". Restrições essas que poderão entrar em vigor a partir do final do mês. Isso se não for prorrogado.
A estratégia da Prefeitura tem sido de negociação a partir de "balões de ensaio". Não se baseia em profundos estudos feitos em gabinete, mas em proposições lançadas à sociedade ou ao mercado, para se receber as reações e ajustar as medidas.
Não é lançada apenas como proposição, mas como medida concreta, a ser implantada num prazo futuro, ainda que curto. O suficiente para receber as críticas e apoios da população.
Essa estratégia deu certo no caso da Cidade Limpa. Fracassou no caso da regulação das motos. Deu certo no caso da regulação da circulação dos caminhões.
Agora a mesma estratégia está sendo usada no caso dos fretados.
Se efetivamente implantada, o impacto inicial será o oposto do pretendido pela Prefeitura. Haverá a substituição do fretado pelo carro particular.
O que poderá ocorrer no primeiro dia da implantação da medida. Como represália, a maioria dos usuários dos fretados poderá, num movimento organizado, vir de carro e promover o maior congestionamento de todos os tempos.
Ultrapassando 300 km de lentidão no final da tarde.
Se os motoqueiros, quando fazem movimentos de bloqueios na cidade, geram um grande transtorno, os usuários dos fretados, cujos carros pouco se diferenciarão dos demais (eventualmente pela chapa), poderão, sem infringir a lei, "parar a cidade". Não é provável, mas possível.
O cenário mais otimista - esperado pela Prefeitura - é que os usuários se conformem com as restrições, desembarcando junto às estações do Metrô ou da CPTM e completando o percurso com esse modo de transporte.
Imaginar que eles possam completar o percurso em ônibus comuns é pesadelo de quem nunca usou esse modo, ainda mais em horário de pico.
Mesmo o Metrô, para chegar à região da Paulista, em horários de pico, é uma aventura dentro de uma "lata de sardinha". De qualquer forma é uma alternativa melhor que o da região da Berrini.
E o trem da CPTM para essa região, também nos horários de pico, não oferece nenhum conforto. A restrição dos fretados para a área da Berrini é o que causará maiores transtornos.
Porque aparentemente de melhor acessibilidade, vindo de carro, do Interior. Mas com sérios problemas de mobilidade nas marginais.
O problema maior é a falta de estacionamentos na área.
A Prefeitura, ao mesmo tempo em que quer retirar os fretados, quer reduzir as vagas públicas. Vagas privadas em terrenos vêm sendo eliminadas pela construção de novos prédios. A tendência será um aumento de demanda nos estacionamentos privados.
Sem oferta suficiente de estacionamentos, a área poderá sofrer um processo de estagnação imobiliária. Como ocorreu com o Centro. E, temporariamente, com a Paulista.
Isso poderia ser parte de uma estratégia da Prefeitura Municipal para viabilizar a Operação Nova Luz ou a Barra Funda.
A pretensão da Prefeitura Municipal de adensar essas áreas, supostamente melhor servidas de infraestrutura, somente seria viável se o "mercado" acompanhasse essa percepção. Tendo outras opções dentro da cidade, a ocupação dessas áreas seria menos viável.
Como o processo real de condução do desenvolvimento urbano da cidade se baseia na negociação permanente com o mercado, essa seria a "real politik".

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica do Sindepark. Com mais de 40 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

Categoria: Fique por Dentro


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