A receita com estacionamento tem sido relevante para os shoppings, contribuindo entre 10% a 30% do faturamento. Isso tem levado ao lançamento de diversas novidades para o cliente. De aplicativos que permitem o pagamento pelo celular a espaços onde se pode recarregar a bicicleta elétrica, as inovações ganham espaço em várias cidades. O movimento também tem criado oportunidades para empresas que administram os espaços ou que trabalham com pagamento eletrônico. Em abril de 2014, o Shopping D lançou sistema de pagamento de estacionamento por meio de smartphone, sem que o consumidor precise pegar filas, se tornando pioneiro na cidade de São Paulo.
O sistema também é ferramenta de marketing, pois representa um canal de relacionamento pelo qual podem ser oferecidas promoções. O Shopping D dispõe de 1,8 mil vagas e recebe um milhão de pessoas por mês.
Investimentos constantes são feitos para atrair a atenção dos usuários e melhorar serviços. Um dos destaques é a sinalização aérea, que usa luzes coloridas para informar quais vagas estão disponíveis. Outra novidade é o uso de placas com código de barras bidimensional que pode ser lido por aplicativos de smartphones e tablets. Ao estacionar, o cliente aponta o leitor para o código do pilar mais próximo de seu veículo. O aplicativo transforma o código em mensagem que informa sua localização.
Hoje 350 shoppings no Brasil cobram pelo estacionamento, o que cria um mercado em potencial para empresas que gerenciam os espaços ou para as que disponibilizam sistema de pagamento eletrônico.
Para José Roberto Barsotti Baldin, professor da Faap, o movimento de interiorização dos shoppings tem ensejado estratégias diferentes para os gestores, enquanto a terceirização dos estacionamentos tem sido crescente. Hoje quase metade dos centros comerciais está no interior do país, a outra metade, nas grandes capitais. Muitos shoppings do interior não cobram no início o estacionamento, deixando para iniciar a cobrança entre seis a 24 meses depois. Há estudos que apontam que o fluxo de pessoas pode cair entre 25% a 30% por conta da cobrança de estacionamento nessas cidades menores, onde geralmente existe maior facilidade para se estacionar fora e perto do shopping, diferentemente do que ocorre nas grandes capitais. A terceirização ganha espaço nos estacionamentos, não apenas na contratação de manobristas para áreas VIPs, mas também com as contratadas responsabilizando-se pela sinalização, pintura das faixas, iluminação, manutenção. "O estacionamento é importante porque ele é o primeiro contato da maioria do consumidor", diz Baldin.
Fonte: Valor Econômico (SP), 16 de julho de 2015