Algo se move no mercado de estacionamentos. Após sua fusão com a PareBem ter sido aprovada pelo Cade na semana passada, a Indigo acredita ter fortalecido sua musculatura para brigar pela liderança desse mercado fragmentado, hoje detida pela Estapar — controlada por André Esteves, o fundador do BTG Pactual.
Surgido ainda nos anos 1960 com a concessão do estacionamento da Esplanade des Invalides, em Paris, o grupo hoje conhecido como Indigo se diz líder global do segmento, operando em nove países. No Brasil — terceira maior operação do grupo —, a fusão com a PareBem, anunciada no fim de junho, consolidou numa só empresa a vice-liderança do setor por aqui.
Complementaridade
O grupo resultante — que seguirá operando sob a marca Indigo, com a conversão dos estacionamentos PareBem já tendo começado — terá receita anual na casa de R$ 1,2 bilhão, 4,3 mil funcionários e mais de 350 estacionamentos em 24 estados, além do Distrito Federal. Ao todo, o grupo administrará 330 mil vagas.
A Estapar tem mais de 440 mil vagas e encerrou 2021 com R$ 835 milhões em receitas líquidas. A companhia se capitalizou logo no começo da pandemia, no primeiro IPO sob a Covid, e assumiu o Zona Azul, o estacionamento rotativo de São Paulo, em 2020.
— Não somos neuróticos pela liderança, por sermos os primeiros, mas acreditamos que isso tende a ser o resultado natural do nosso crescimento. Podemos crescer mais de dois dígitos por ano — afirma Thiago Piovesan, CEO da Indigo— A ideia é talvez virar o número 1 em breve.
De acordo com o CEO, a PareBem é, em alguns aspectos, complementar à operação da Indigo.
— Embora a Indigo opere muitas vagas “on street” (na rua) em países como a França, ela não tinha esse tipo de atuação no Brasil. Já a PareBem tinha contratos em sete cidades do Brasil — diz Piovesan.
Segundo a companhia, entre esses municípios estão cidades importantes como Uberaba (MG), Poços de Caldas (MG), Atibaia (SP) e Rio Verde (GO).
‘Smart city’
De acordo com Piovesan, a PareBem também amplia o portfólio de aeroportos da Indigo, que já operava em Guarulhos. A PareBem está, por exemplo, nos terminais de Confins (MG), Curitiba, Goiânia, Fortaleza e São Luís.
O Globo – RJ, 06/09/2012
— A PareBem também tem portfólio maior no Rio e aumenta nossa presença nas regiões Norte e Nordeste, onde operávamos com presença semelhante — acrescenta.
Embora o setor de estacionamento tenha sido duramente atingindo pelo “cisne negro” da pandemia, perca fôlego com a disparada dos combustíveis e da inflação do carro e não tenha muito o que ganhar com o sucesso de apps como Uber, Thiago Piovesan acredita que há oportunidades na mudança de vocação do espaço depois da catraca.
— O que está mudando é o conceito de “smart city”, que traz a necessidade de transformar os estacionamentos em locais de serviços, com estações de recarga de carros elétricos, conexões com bicicleta e patinetes, “lockers” para e-commerce etc.. A mudança comportamental faz com que o estacionamento, em vez de ser ponto final, passe a ser visto como um meio — observa.
O Globo – RJ, 06/09/2012