Por Jorge Hori*
Você certamente já se deparou em São Paulo, como em outras cidades do mundo, com um estacionamento de bicicletas, na rua. Patrocinado, principalmente, pelos bancos, ou são abóboras, vermelhas ou azuis.
Você se cadastra, pega a bicicleta num local e devolve em outro. Precisa sempre ter local para o estacionamento do veículo na origem e outro no destino.
Com o desenvolvimento tecnológico está emergindo o sistema de automóvel compartilhado, dentro da mesma lógica. O motorista pega o carro num local e devolve em outro. Um cartão - que pode ser o de crédito/débito com chip - ou outro elemento a informática lhe libera, num posto, as portas e o acionamento dos motores.
Você pode pegar um carro em local próximo à sua casa e o deixar em um local próximo ao seu destino. Que pode ser o de trabalho, de compra ou outra atividade urbana. No retorno pega o carro que estiver disponível no local onde devolveu o primeiro e o deixa próximo da sua residência.
Com o desenvolvimento dos carros autodirigíveis, ou seja, sem motorista, você não precisa nem ir pegar o carro. Chama o carro pelo seu smartphone e ele vai até onde você está. Você mesmo pode dirigir o carro, ou deixar por conta da tecnologia que o leva até o local específico do seu destino. Você só paga pela locação.
É um futuro distante? Nem tanto. A primeira etapa já está funcionando no mundo e a GM já está testando em São Paulo. Por enquanto com os seus funcionários. (Veja a notícia nesta edição do Parking News.)
A tecnologia facilita a utilização dos carros, muda a forma de posse. Você não precisa mais ter um carro próprio. Sempre que precisar loca, sem ter necessidade de um espaço próprio para o seu veículo. Quando em condomínio, sempre motivo de conflitos.
Duas questões tradicionais, no entanto, permanecem: os congestionamentos e os estacionamentos.
Esse novo modelo poderá reduzir as frotas de veículos, mas dará maior aproveitamento e aumentará a circulação. A melhor distribuição das rotas poderá mitigar inicialmente, mas logo todos os caminhos serão conhecidos e utilizados. Os congestionamentos irão aumentar.
O motorista pode dispensar o carro próprio e a necessidade de vaga para o mesmo. Mas o veículo continua precisando de dois espaços: um na origem e outro no destino. O mesmo espaço poderá ser utilizado por mais de um veículo, mas esse continua sendo necessário.
Onde ficarão os estacionamentos para os carros compartilhados?
Uma primeira alternativa é a via pública. A Prefeitura poderá reservar áreas para o estacionamento dos carros compartilhados. Essas vão concorrer com os espaços destinados aos táxis. Mas poderão concorrer com os espaços de zona azul ou livres. Na primeira etapa do sistema essas áreas deverão estar dotadas de um "parquímetro". Na origem para a liberação do carro e no destino para o registro da entrega.
A segunda alternativa é da criação de estacionamentos próprios, dedicados exclusivamente aos carros compartilhados.
A terceira é de compartilhamento com os estacionamentos pagos comuns. Poderão ser reservadas vagas para os carros compartilhados. Ou o motorista poderá parar em qualquer vaga disponível. Desde que associado a um equipamento. O novo usuário será informado pelo seu smartphone sobre a disponibilidade do veículo dentro do estacionamento.
Como toda inovação, traz oportunidades e ameaças aos negócios estabelecidos.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.