Foi inspirado em um livro que o empresário Regis Winckler Perdomo, 38 anos, teve a ideia de instalar um bicicletário no Centro de Uberlândia com o intuito de estimular as pessoas a usarem mais a bicicleta no dia a dia. Para entusiasmar os clientes, o projeto pretende, inclusive, premiar aqueles que deixarem o carro em casa e forem trabalhar de bicicleta. O idealizador atua no ramo de estacionamento para automóveis desde 1998 e a inspiração surgiu a partir da leitura de “Ponto de Mutação”, do físico austríaco Fritjjof Capra, em que o autor relata o fim dos combustíveis fósseis como uma das razões para o declínio de grandes potências. O local foi inaugurado no último fim de semana.
A iniciativa chegou a ser criticada, inicialmente, por amigos que também têm estacionamentos e que insinuavam não trazer retorno financeiro. “Estou indo contra meu próprio negócio, porque quanto mais carros na rua, mais procura por estacionamentos. Só que eu tinha que fazer minha parte e sair da zona de conforto. Muitos dizem que Uberlândia não tem cultura para bicicletas, mas talvez não tenha por falta de incentivos e iniciativas. E elas sempre têm que partir de alguém”, comentou.
O uberlandense analisou o mercado e viu que não havia bicicletários na cidade, com exceção de algumas empresas e para uso exclusivo de funcionários. Então resolveu arriscar. Contudo, mais do que apostar no negócio pela lucratividade, a maior preocupação foi quanto à sustentabilidade e para promover a qualidade de vida aos clientes.
Na área do estacionamento para veículos, Regis reformou um espaço para criar o bicicletário que conta com armários privativos e vestiários, onde os clientes poderão tomar banho e trocar de roupa. “Como forma de incentivar as pessoas a trocar os carros por bicicletas, vou oferecer brindes, isotônicos gelados e teremos um espaço para garantir a nutrição saudável dos ciclistas. A princípio a aceitação tem sido elogiada pelos clientes”.
À medida que o projeto for tendo maior adesão, ele vai ampliar o número de vagas e também já cogita a hipótese de ter bicicletas disponíveis para aluguel. O preço para utilização do bicicletário será mensal, mas o valor ainda não foi estipulado. Segundo o empresário, o bicicletário está praticamente pronto e deve ser inaugurado nos próximos dias na Rua Coronel Antônio Alves Pereira.
Impasses e futuros projetos
Um dos problemas levantados por Regis é quanto à falta de estrutura na cidade para atender os ciclistas. Ele contou que muitos clientes temem os riscos no trânsito e reclamam da falta de ciclovias e paraciclos. Os paraciclos são suportes físicos onde a bicicleta fica presa, podendo ser instalado como parte do mobiliário urbano ou dentro de uma área de limitada que seriam os bicicletários.
O ciclista e coordenador do movimento “Cidade Futura”, Frank Barroso, salientou que há ciclovias em Uberlândia e não são muito utilizadas e, em alguns casos, ficam abandonadas. Contudo, reforçou que a cidade "passou da hora" de receber bicicletários sejam privados ou, principalmente, em espaços públicos. “Até paraciclos a gente não tem. Há alguns dias fui ao cartório e não tinha nenhuma estrutura na via para eu colocar a bicicleta. Tive que trancá-la em um banco, contrariando os proprietários do imóvel”, contou.
O G1 entrou em contato com a Prefeitura para saber sobre possíveis projetos relacionados ao tema. Por meio da assessoria de comunicação, a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (Settran) informou que incorporou bicicletários nos projetos dos quatro novos terminais de ônibus de Uberlândia, bem como nos terminais já existentes.
Ainda como forma de melhorar a mobilidade urbana na cidade, está em estudo a implantação de bicicletários em novas ciclovias, como a do Parque do Sabiá. Também há estudos para a reestruturação da área central com a implantação de bicicletários em pontos estratégicos atendendo a toda população.
Fonte: portal G1, 1º de março de 2015