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Eleições na Câmara e Senado e o cenário econômico

 

Por Jorge Hori* - As eleições para a presidência da Câmara Federal são pelo voto secreto. A menos do deputado que resolva mostrar o seu voto, antes de colocar na urna, para mostrá-lo ao Governo, à liderança partidária e aos seus eleitores a sua opção.
As cabines com as urnas eram tão apertadas que não permitiram as fotos.
O seu voto passa a ser difundido pela narrativa do autor. Acredite quem quiser. Traidor nunca se acusa.
Já as votações dos projetos de lei, medidas provisórias, propostas de emendas constitucionais e outras medidas como a conclusões de CPIs, andamento de pedidos de impeachment são abertas.
Nesse caso, as cobranças do Governo e da liderança partidária, de um lado, e dos seus eleitores, de outro, podem não ser coincidentes, colocando o deputado federal num dilema.
O seu objetivo primordial é sempre a sua reeleição em 2022. Tudo o mais, para ele, é secundário.
Para alimentar a sua campanha pela reeleição, precisa das emendas parlamentares. Se votar contra as medidas de interesse do Presidente, pode ter trancada ou retardada a liberação e o pagamento das suas emendas. Sem o dinheiro das emendas não consegue o atendimento ao seu eleitorado, descumpre promessas e corre o risco de não ser reeleito.
Por outro lado, eventual enfraquecimento da popularidade do Presidente, o que as pesquisas vêm indicando, com perda de apoio pela continuidade da posição negativista em relação à pandemia, colocando em risco a sua reeleição, pode se tornar um fardo para o deputado federal, diante do seu eleitorado.
Se o seu eleitorado for predominantemente de sectários bolsonaristas, o apoio ao Presidente será um ativo.
Ao contrário, se a maioria do seu eleitorado tiver posição desfavorável, ele preferirá ficar com esse do que com o Presidente.
As pesquisas nacionais, como as do IBOPE e DATAFOLHA, são indicativos importantes, mas insuficientes para cada deputado federal.
Como temos reiterado aqui, o deputado federal não é eleito nacionalmente, como o Presidente da República, mas estadualmente. Na maioria dos casos, local, distrital ou regionalmente. Precisará fazer pesquisas específicas.
As pesquisas realizadas para as eleições municipais nas principais capitais já mostravam uma rejeição à gestão de Bolsonaro maior do que a nacional.
O aumento de rejeição na cidade de São Paulo pode levar a movimentos de rua de grande porte. A mobilidade urbana será prejudicada.  Difundidos, amplamente pela mídia tradicional, podem influir nas percepções dos demais eleitores brasileiros.
Não há nenhuma garantia de que o Congresso vá aprovar a pauta econômica liberal de Guedes, que os empresários ainda esperam para a retomada plena da economia.
O presidente da Câmara dos Deputados tem o poder monocrático de trancar pedidos de impeachment, assim como determinar a pauta dos projetos, mas não tem o mesmo poder para aprovar ou reprová-los. Dependem de decisão colegiada e ele precisa desenvolver uma ampla articulação, com a participação da Presidência, para formar maiorias.
As eleições de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco farão o cenário político de 2021 menos turbulento, com eventual andamento de processo de impeachment, o que prejudicaria ainda mais a recuperação da economia. A abertura de um processo de impeachment significaria mais um ano inteiramente perdido na economia. Porém o trancamento dos pedidos não eliminaria a sangria do Presidente.
Os opositores seguiriam indignados e fazendo muito barulho pela mídia, promovendo alguns movimentos de rua, além dos sucessivos panelaços, mas a maioria da população, tomando a vacina, nas suas duas doses, vai preferir voltar o quanto antes à normalidade, não se envolvendo na turbulência política.
Serão condescendentes com os impropérios do Jair, com o seu agoverno, adotando a racionalização de que ele foi legal e legitimamente eleito e que deve completar o mandato.
Grande parte do empresariado mantém a esperança da aprovação das reformas estruturais.
Arthur Lira não conduzirá o processo por convicção ou entendimento pessoal das propostas, mas inteiramente pela necessidade política e eleitoral.
Será mais bem-sucedido do que Rodrigo Maia?
As atividades econômicas serão retomadas em tempo menor?

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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