A última reunião do Copom do ano, a derradeira com Roberto Campos Neto à frente do Banco Central, terminou com a decisão de subir a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, levando-a a 12,25% ao ano.
Vem mais? Em comunicado divulgado após a decisão, o colegiado do comitê prevê aumentos de mesma intensidade nas duas próximas reuniões, em janeiro e março.
Se confirmado, a taxa básica atingiria o patamar de 14,25% ao ano –pico da Selic na crise do governo de Dilma Rousseff (PT), entre 2015 e 2016.
Subiu por quê? A atividade econômica brasileira está aquecida – a última medição do PIB indicou um crescimento de 0,9%. Alguns fatores:
- O mercado de trabalho anda forte, o que leva a salários maiores;
- Programas de transferência de renda aumentam o dinheiro que circula no país;
- O governo gasta, e injeta mais moeda na praça.
Efeitos: tudo isso faz com que as pessoas gastem mais. Com o tempo, tanta grana em circulação pode subir o nível dos preços. Levantar o patamar dos juros serviria para frear a atividade econômica, o que derrubaria o risco de inflação.
Traduzindo… com medo de que os preços aumentem, o BC sobe a Selic –complicando o acesso ao crédito outras operações– e menos dinheiro circula por aí. Parece simples? Não é.
Hello! My name is Brazil. O câmbio é um fator relevante dessa equação. A taxa alta de juros pode atrair investidores estrangeiros para pôr dinheiro em títulos indexados à Selic.
- Quanto mais moeda gringa no país, mais o câmbio favorece o real.
- A decisão pode (atenção à condicional) ajudar na tentativa de tirar o dólar dos arredores dos R$ 6.
Sossega leão. A dupla Lula-Haddad está em maus termos com o mercado financeiro, que exige maior contenção de gastos por parte do governo.
O aumento dos juros é uma sinalização ao mercado de que o Banco Central está comprometido com a saúde econômica do país.
Todos os nove membros do Copom votaram pela alta de 1 ponto percentual.
Feliz 2025…O futuro presidente, Gabriel Galípolo, herda a partir de 1º de janeiro a gestão com juros altos, câmbio desvalorizado e temor pelo aumento da inflação.
...e eu com isso?
Feliz ou infelizmente, você tem tudo a ver com isso. Seus investimentos, financiamentos, empréstimos, crédito e tudo mais pode ser afetado pela alta dos juros.
- Quem ganha… são aqueles que têm investimentos indexados à taxa básica de juros. A maioria nesse perfil são títulos de renda fixa.
Segundo analistas consultados pela Folha, os ativos ligados à taxa Selic com rentabilidade atrelada ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário) são os mais rentáveis atualmente.
- Ainda melhor se eles forem isentos do Imposto de Renda.
“Após o aumento da Selic pelo Copom, produtos como o Tesouro Selic, CDBs e fundos de renda fixa são ótimas alternativas”, diz Elson Gusmão, diretor de câmbio da corretora Ourominas.
- Quem perde… são os que precisam de crédito. Pode ser um mau momento para pegar empréstimos ou começar um financiamento, por exemplo.
As taxas e os juros praticados pelo mercado às vezes estão descolados da Selic, então vale a pena fazer uma análise cuidadosa das opções disponíveis antes de tomar decisões.
Quem depende de linhas caras de crédito, como o cheque especial e o cartão, pode sentir um impacto maior. (Imagem: divulgação)
Folha Mercado, 12/12/ 2024